Pedidos de impeachment colocam Moisés contra a parede

A sessão de terça-feira, 12, foi bastante agitada na Assembleia Legislativa de Santa Catarina. O escândalo dos respiradores parece ter trazido alguma unidade ao parlamento: colocar a cabeça de Carlos Moisés (PSL) à prêmio. Os dois novos pedidos de impeachment protocolados chamam a atenção não só pelo momento oportuno, que instalou uma crise sem tamanho na gestão de Moisés, mas também pelas autorias.

Apesar de não ser nenhuma novidade sobre o distanciamento do governador da ala bolsonarista do PSL, um dos pedidos é assinado por Ana Caroline Campagnolo (PSL) e Maurício Eskudlark (PL). Ela foi uma das grandes defensoras da candidatura do coronel do Bombeiro, ele, ex-líder que tinha o papel de aproximar a Assembleia da Casa D’ Agronômica.

O pedido leva em conta as ações do governador desde o início da pandemia da Covid-19, como a compra dos 200 respiradores artificiais sem licitação e os decretos de restrição de vários setores econômicos e sociais.

“Não reforçou as UTIs. Em São Miguel do Oeste foram criados 10 leitos de UTIs emprestando cama de Dionísio Cerqueira, de Joaçaba. Em Concórdia e Chapecó, que estão agora com número elevados de casos, se tivesse ampliado em 40 vagas de UTIs em Chapecó, poderia atender. Falta o mínimo de gestão”, disse Eskudlark.

Campagnolo também não economizou no verbo. E criticou a forma que Moisés escolheu para receber visitas de prefeitos e deputados, além dos critérios para nomeação em cargos importantes.

“É um homem arrogante, prepotente, debochado, acabamos descobrindo que não é um homem grande e nem um grande homem. Temos um governador que faz seleção pessoal para receber prefeitos e deputados, que se vangloria de não ter loteado cargos, mas loteou com seus amigos e se aproveitou da pandemia para assinar decretos autoritários e fazer compras superfaturadas”, afirmou Campagnolo.

Ferrenha defensora do “Escola Sem Partido”, Campagnolo ainda guarda mágoas ao ser preterida na indicação para o nome na pasta da Educação. Ela queria o doutor em Administração Maurício Custódio Serafim, a quem dizia fazer jus ao então ministro da Educação Ricardo Vélez Rodriguez, que acabou substituído por Abraham Weintraub.

Eskudlark, que apesar de ter ocupado posição de destaque como líder do governo no parlamento, nunca teve sequer o celular de Moisés e em entrevista à coluna Pelo Estado chegou a revelar dificuldades para conseguir travar diálogos com o governo.

Além desses, a fila de insatisfeitos com a gestão do bombeiro passa por praticamente todas as bancadas.

A admissibilidade de um eventual pedido de impedimento do governador, que poderia dragar todas as atenções para a crise política por meses, apesar dos pesares, já parece ser comemorada nos corredores e bastidores da política.

O enquadramento de Moisés é praticamente um xeque-mate entre duas bastante prováveis opções. Ou abre as portas do governo e fatia o poder concentrado, ou pode acabar tendo a sua já curta trajetória política antecipada.

Outro pedido

Antes de começar a sessão, o deputado Ivan Naatz (PL) também protocolou um pedido de impeachment contra o governador, porém, incluindo a vice-governadora Daniela Reinehr. Naatz se baseia na decisão do Tribunal de Contas do Estado (TCE-SC), que na segunda-feira, 11, suspendeu a equiparação de salários entre procuradores do Estado e procuradores da Assembleia. 

O pedido segue o teor daquele apresentado, em janeiro, pelo defensor público Ralf Zimmer Junior. Para ele, houve crime de responsabilidade na concessão de reajuste aos procuradores em 2019.

Ao total já são quatro pedidos de impeachment contra Moisés. Todos protocolados este ano.

por Fábio Bispo