Texto e fotos: Murici Balbinot
Especial para Adjori-SC/ADI-SC/RCN Online/SCPortais
Florianópolis – Na manhã desta segunda-feira (30), o ministro da Justiça e da Segurança Pública, Sérgio Moro, disse que quer a ajuda da sociedade civil e de instituições para combater a corrupção. Ele palestrou no auditório do Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC), em Florianópolis, e falou sobre as prioridades do Ministério, a necessidade de parcerias e integração, e criticou o legado de gestões anteriores. À tarde, participou de agenda com o governador Carlos Moisés da Silva e com o presidente do Conselho Superior de Segurança Pública e comandante-geral da PMSC, coronel Araújo Gomes.
No discurso, o ministro explicou sua decisão de aceitar o convite de Jair Bolsonaro para comandar a pasta. Disse que a inércia é “uma das maiores forças” que dificulta o desejo de mudança e que sua atuação à frente do Ministério é “um trabalho de continuidade” da operação Lava Jato, já que tem como foco o combate à corrupção.
Em um paralelo ao próprio trabalho como juiz, criticou uma “cultura de impunidade” e disse que encontrou, durante o andamento da Lava Jato, uma corrupção “como hábito” de um sistema, que traz “deterioração dos cofres públicos e da dignidade do país”. Além disso, disse que o combate à corrupção “é uma tarefa de todo o país e não de um indivíduo específico”.
Ainda relacionou os resultados da operação com o combate a outras práticas criminosas. “Se nós podemos enfrentar a corrupção, nós podemos também fazer algo concreto contra aquilo que aflige o brasileiro todos os dias”, afirmou. E apontou que a segurança será fator determinante para o desenvolvimento de uma economia sólida para o país.
Ações do Ministério
Moro reservou a metade final do discurso para enumerar as ações que vem efetivando no Ministério da Justiça. Segundo ele, o foco é o combate à corrupção, ao crime organizado e à criminalidade violenta. Citou como primeira ação importante a transferência de presos do PCC para fora do estado de São Paulo. Ainda anunciou a contratação de 500 policiais federais até o final do ano e mais 500 no primeiro semestre de 2020.
Moro acrescentou que está no seu planejamento a retomada do controle em presídios. Para isso, o ministério está “identificando gargalos a fim de destravar investimentos do setor”. Um dos problemas é a falta de profissionais.
Outra preocupação é quanto as fronteiras. “É impossível ter um controle absoluto das nossas fronteiras. Nem países que têm orçamento maior que o nosso, como os Estados Unidos, alcançam êxito completo”, afirmou. Na sequência, falou de um programa de fiscalização de fronteiras iniciado no Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Paraná.
Moro disse ainda que encontrou a Polícia Federal “desmantelada pelas gestões anteriores” e que o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF) estava “esquecido”.
Na próxima quinta-feira (3), o governo federal lançará uma campanha publicitária pela aprovação do chamado pacote anticrime, conjunto de medidas apresentadas por Moro que está parado no Congresso Nacional. A ideia é que, com o fim da discussão sobre a reforma da Previdência, esta pauta tenha mais atenção do Planalto.
O evento
Moro participou do Momento Brasil, série de eventos da Associação Catarinense de Emissoras de Rádio e Televisão (Acaert) que discute o cenário brasileiro com autoridades nacionais. A iniciativa tem o apoio das associações de Diários do Interior (ADI-SC) e dos Jornais do Interior (Adjori-SC). O presidente e o vice da Adjori, respectivamente José Roberto Deschamps e Valmoci Jesus de Souza, acompanharam o evento ao lado do vice-presidente de Gestão e Finanças da ADI-SC, Adriano Kalil. Depois, também compareceram ao almoço oferecido ao ministro e autoridades do Estado.
Ao final da palestra, Moro recebeu uma placa em homenagem pela atuação profissional dos últimos anos e recebeu manifestação de apoio do público presente. Foi aplaudido de pé ao entrar no auditório do TJSC, quando pediu apoio para o pacote anticrime e ao final de sua fala.
O presidente da Acaert, Marcello Corrêa Petrelli, aproveitou a parceria entre poder Judiciário e imprensa para afirmar que as duas instituições são pautadas pela ética, pelo respeito e pela tolerância. Disse que Moro é “o maior expoente do governo da mudança” e que a imprensa “não pode pecar pela omissão”. “Sua decisões foram fundamentais para combater a maior organização criminosa do mundo”, disse, “exemplar e imparcialmente, para todos aqueles que cruzaram o limite da ética pensando no benefício próprio”, completou.
O anfitrião e presidente do TJSC, desembargador Rodrigo Collaço, disse que foi “um profundo orgulho” receber o ministro na sede do Tribunal. “A partir da Lava Jato e do trabalho do ministro Moro nós conseguimos visualizar uma grande anomalia na sociedade que é a relação promíscua capital-Estado”, afirmou. Segundo ele, este trabalho criou “a possibilidade de um Brasil novo”.