O procurador Deltan Dallagnol, que trabalha com o juiz Sérgio Moro na operação Lava-jato, fez uma rápida palestra agora pela manhã na reunião de diretoria da Federação das Indústrias (Fiesc), em Florianópolis. Ele foi aplaudido longamente e de pé pelos diretores da entidade, logo após a apresentação e o apelo para que todos venham a aderir ao movimento “Unidos contra a corrupção” (unidoscontraacorrupcao.org.br).
Ele falou sobre o Diagnóstico e o Tratamento do Corrupção no Brasil e resumiu que as pessoas que ocupam altos cargos em empresas estatais, por exemplo, se corrompem porque foram colocadas naquela posição por partidos políticos ou por políticos. Segundo Dallagnol, só o ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, acumulou para si R$ 300 milhões. Parte desse valor que foi para financiamento de campanhas políticas. O procurador disse que há estudos que mostram a correlação entre propina e sucesso nas eleições, o que implica na permanência daquelas mesmas pessoas no poder. “Tanto que para qualquer um entrar na política tem que se sujeitar ao cacique dos partidos”, exemplificou.
O impacto da corrupção aparece na sociedade. Quanto maior o índice de desvio de recursos públicos, menor é o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). E, observou Dallagnol, o que inspira os que comandam a operação Lava-jato é reduzir o sofrimento humano. “Nós fizemos o diagnóstico. Apresentamos o tratamento. Mas o tratamento não vem. É preciso mudar o ambiente político do país. Caso contrário, só teremos a mudança de rostos de corruptos.”
O convidado da Fiesc evidenciou que não são só os mais humildes que sofrem as consequências da corrupção, mas também o setor produtivo. Afirmou que as justas demandas acabam travadas porque não há renovação. “Se a gente quer um país melhor, não tem outro jeito se não enfrentar de vez esse problema. Não adianta passar por todo esse tumulto que foi a Lava-jato e não dar passos para frente”, afirmou.
A campanha
De acordo com Dallagnol, a campanha Unidos contra a Corrupção e um incentivo ao voto com base em três critérios: passado limpo, compromisso com a democracia e compromisso de combate à corrupção com a adesão ao pacote de medidas proposto pelo movimento.
São 12 frentes de ação que tornas as penas mais severas, reduz de 55 mil para apenas 16 o número de pessoas com foro privilegiado, promove a desburocratização, assim como a democracia dentro dos partidos, e institui o crime de corrupção privada. “É o posto Ipiranga contra a corrupção. O que você imaginar, está lá”, brincou.