Entrevista Comandante Moisés/PSL – Candidato ao governo do Estado
Ele rejeita a ideia do Estado opressor e defende o candidato à presidência da República de seu partido, Jair Bolsonaro: “Eu o entendo”.
A ideia é que o Estado seja o único detentor da violência e a use só quando for necessária

Carlos Moisés da Silva – Comandante Moisés – é coronel da reserva do Corpo de Bombeiros Militares de Santa Catarina, corporação pela qual atuou por alguns anos no Sul do Estado. É advogado e pela primeira vez concorre a um cargo público eletivo.

Jornais ADI/Adjori – Conhecendo o setor por dentro, qual a sua maior preocupação om a Segurança Pública?
Comte. Moisés – O número de homicídios crescendo, não só o número de homicídios, mas também a capacidade do Estado de apurar essa atividade criminosa e chegar ao resultado em que a Justiça aconteça de fato, no final. A Segurança Pública vai ter que ser vista sempre com temas transversais. Poderíamos começar a falar aqui de Educação relacionada à Segurança Pública, por exemplo. A nossa preocupação é que o Estado precisa se remodelar para que o crime organizado não seja mais organizado que o próprio Estado.
Quando nós temos, por exemplo, um sistema prisional que, ao invés de proporcionar uma recuperação, possibilita que o apenado consiga se reunir, conversar, trocar informações e comandar um sistema organizado de dentro do próprio sistema, isso nos acende uma luz sobre a ineficiência do Estado. Não só nessa área, como também na inclusão, acesso à educação, bolsões de pobreza, mobilidade urbana. Tudo isso cria um ambiente favorável para que o crime se organize ainda mais. Não dá para haver segurança pública como um viés separado.

ADI/Adjori – Quais são as suas propostas para o setor?
Comte. Moisés – Não se pode fazer Segurança Pública sem investimentos. Eu não posso trazer pessoas cansadas de casa, servidores que já trabalharam 30, 40 anos na atividade policial, que é a mais desgastante, para que eles sejam a base da Segurança. Nós temos que trabalhar com a força jovem, policiais saudáveis, motivados e também com a polícia de proximidade.
Nos preocupa muito, falando de presídios, a capacidade do Estado de realmente promover essa socialização e fazer que durante o período em que o interno esteja ali, cumprindo a sua pena, ele consiga desenvolver habilidades para que quando ele saia consiga se encaixar na sociedade. Para isso não tem outro caminho senão ele estudar e trabalhar. Nós sabemos que o nosso sistema não tem condições para fazer isso, e que hoje o faz minimamente.

ADI/Adjori – Como pretende pôr em prática essas propostas?
Comte. Moisés – Para gente atender os efetivos, melhorar o sistema prisional, investir em educação, em mobilidade pública, acessibilidade, enfim, é preciso enxugar o Estado e investir em parcerias privadas. Eu penso que uma bandeira que nós temos que levantar, quando eu falo de Segurança Pública, é combater a corrupção dentro do próprio Estado. A corrupção se apresenta em vários vieses. Para mim, é uma forma de corrupção você ter grandes blocos partidários, coligações, e depois que você assume o governo tem que criar secretarias para acomodar essas pessoas todas.
O Estado não se presta a essa atividade. Ele até deve gerar emprego, mas não nele mesmo e sim ser um fomentador da iniciativa privada, fomentar a economia solidária, o cooperativismo, favorecer o produtor artesanal, o microempreendedor. Resumindo, gerar riqueza e renda com as pessoas de fora das estruturas de governo. Penso que na questão de diminuição dos custos do Estado, as secretarias regionais (ADRs) podem ser extintas, junto com a maior parte dos cargos comissionados, deixando apenas os necessários.ADI/Adjori – Quais as diferenças e as semelhanças entre a candidatura Moisés e a candidatura Bolsonaro?
Comte. Moisés – São muitas falas, e eu tenho certeza que ele não conseguiu abordar todas as minhas e nem eu todas as deles. Nesse caso, eu falo de coisas que são muito óbvias, que fazem até parte do senso comum. Se você sentar com o Bolsonaro ele vai concordar.
A questão é que ele tem levantado algumas bandeiras que são do clamor social, e que nós também concordamos. Como por exemplo, quando as pessoas dizem que violência não se combate com violência, depende. A ideia é que o Estado seja o único detentor da violência e a use só quando for necessário, criando um aparato que toda a sociedade fará uso no dia a dia.
Então, levantar bandeira de que o Estado é opressor confunde muito as pessoas. Eu entendo perfeitamente o sentimento do candidato Bolsonaro de que as coisas estão invertidas. O policial não tem uma retaguarda para trabalhar, tem que ser alvejado primeiro para depois reagir. Isso não funciona em nenhum país desenvolvido do mundo. É preciso que a sociedade entenda que o policial é um amigo que está ali para fazer prevalecer o seu direito de cidadão. Essa é a visão que nós temos que ter dos aparatos do Estado.

ADI/Adjori – O que diferencia as candidaturas majoritárias do PSL frente aos demais partidos?
Comte. Moisés – Os principais diferenciais são o fato de não estarmos coligados com nenhuma outra sigla e de não estarmos usando recursos do fundo partidário. Também temos pouco tempo de TV e rádio na comparação com as siglas mais antigas e tradicionais do estado. Eu, como candidato ao governo, só tenho 7 segundos. Isso mostra que o sistema tem sido feito para quem já está dentro dele. Falta isonomia.
ADI/Adjori – Ainda assim o senhor acredita que pode ter sucesso na campanha?
Comte. Moisés –  Temos algo muito importante do nosso lado que nos faz acreditar, sim, em uma vitória. Nossa vantagem é ter o sentimento da população pela renovação e pela mudança, não só de pessoas, mas de projetos, comportamento e atitudes. A vontade é de mudar o Brasil todo. Temos recebido apoio e manifestações muito voluntárias das pessoas. E isso a gente não observa nas outras candidaturas. Essa é uma marca do Jair Bolsonaro que se repete aqui. Quem vota no Bolsonaro, vota no time dele.
ADI/Adjori – Mas as pesquisas mostram que há um descolamento entre os seus índices, baixos, e os dele, quase isolado na frente.
Comte. Moisés –  Só no dia 7 de outubro teremos a real percepção. Nós saímos de 1%, em alguns dias chegamos aos 5%. E  hoje nós já temos pesquisas que indicam um patamar bem mais alto. E nós estamos diante de uma população ainda muito indecisa sobre em quem votar. Vamos conquistar esses votos.