Venda de remédios sem eficácia contra a covid-19 está em alta

Uma pesquisa encomendada pelo jornal Estadão ao Conselho Federal de Farmácia mostrou aumento nas vendas de remédios sem eficácia comprovada na prevenção ou combate a doença covid-19. As substâncias pesquisadas surgiram em debates públicos relacionadas à prevenção da doença e uma delas, em especial, teve como “garoto propaganda” o presidente da República. A pesquisa analisou a quantidade de comprimidos e cápsulas vendidas nas farmácias brasileiras no primeiro trimestre de 2019 e no mesmo período de 2020.

O maior aumento foi nas vendas de vitamina C subiu 180,01%, de 9.327.016 cápsulas vendidas em 2019 para 26.116.340 em 2020. A hidroxicloroquina teve 388.829 vendas registradas, um aumento de 67,93%.A vitamina D aumentou 35,56%.

O único que sofreu queda foi o ibuprofeno, descendo 2,63% nas vendas. Inicialmente, a Organização Mundial da Saúde (OMS) se posicionou contrária ao uso desse medicamento no tratamento da covid-19, porque poderia agravar a doença. Depois, a entidade recuou, retirando as restrições.

Outra conclusão mostrada na reportagem é que a crise sanitária escancarou o hábito dos brasileiros sobre automedicação. Os farmacêuticos alertam que todos os remédios oferecem riscos, mesmo os que independem de prescrição. A depender da dose, podem causar os seguintes efeitos:

  • Paracetamol: hepatite tóxica;
  • Dipirona: risco de choque anafilático;
  • Ibuprofeno: tonturas e visão turva; 
  • Vitamina C: diarreias, cólicas, dor abdominal e dor de cabeça;
  • Vitamina D: o cálcio pode se depositar nos rins e provocar lesões permanentes;
  • Hidroxicloroquina: arritmia e parada cardíaca.