Bolsonaristas nas mãos de Garcia

O futuro da ala bolsonaristas do PSL nas comissões da Alesc, incluindo a CPI dos Radares, só depende do presidente Júlio Garcia (PSD). Ana Caroline Campagnolo, Felipe Estevão, Jessé Lopes e Sargento Lima foram suspensos do partido em 18 de maio, mas a penalidade ainda não foi aplicada na Assembleia, onde teria o maior impacto político para os parlamentares. Todos por infidelidade partidária.

Se aplicada a penalidade, os deputados perderiam assentos nas comissões de Constituição e Justiça, Educação, Defesa dos Direitos da Criança, da Pessoa com Deficiência, Direitos Humanos, Ética Pesca e Aquicultura, Economia, além da própria CPI dos Respiradores, onde o partido é representado na presidência, com o Sargento Lima, e com o membro Felipe Estevão.

Segundo apurou a coluna, Garcia foi notificado da decisão no fim da semana passada e encaminhou o assunto para manifestação da procuradoria Jurídica. Os deputados prometem recorrer à Executiva Nacional e conseguir a suspensão dos efeitos da decisão enquanto o recurso não for julgado.

Na prática, tudo depende de como Júlio Garcia será instruído pela área jurídica e de fato qual será a decisão final. Diferente da Câmara dos Deputados, onde o afastamento das comissões está previsto em regimento interno e ocorre de forma automática, no parlamento catarinense não há essa menção na carta de normas.

Além disso, é preciso ter em mente que os partidos políticos são instituições privadas e que qualquer ascendência sobre o poder constituído pelas urnas é ponto de questionamento. A saída da ala bolsonarista do PSL —justamente neste momento— traria fôlego ao governador Carlos Moisés (PSL), que está rompido com estes parlamentares.

Confira a coluna na versão impressa: 06062020

CPI

Sobre possível afastamento da CPI dos Respiradores, Sargento Lima diz que vai recorrer e assim espera não ser prejudicado na comissão de inquérito. “Já existe requerimento requisitando o governador para ser ouvido”, avisa Lima.

CCJ

No início da semana, a deputada Ana Campagnolo comemorou a admissibilidade do projeto do homeschooling (ensino domiciliar), de autoria do deputado Bruno Souza (NOVO). A deputada fez uma longa sustentação oral para defender a matéria aos demais parlamentares. Caso estivesse suspensa da comissão o futuro da matéria poderia ser outro.

Ressentimentos

Jessé Lopes, Talvez o deputado mais agressivo na oposição a Moisés, Jessé Lopes usou as redes sociais para comentar a suspensão do partido. Fez uma retrospectiva da relação com o governo que disse ter ajudado a eleger. Ele aponta que Moisés não escolheu “quadros técnicos do PSL” e adotou posturas contrárias aos apoiadores do bolsonarismo, como receber o MST e taxar agrotóxicos.

Alinhamento

A trajetória do grupo no Parlamento e o distanciamento do governador Carlos Moisés têm como ponto central o bolsonarismo. Enquanto Moisés tem se distanciado do presidente da República, adotando medidas que divergem, o quarteto se firma como amplificador dos mesmos discursos presidenciais para se pautarem no estado.