Diversidade da indústria de SC garantiu crescimento em 2025, diz Fiesc

O impacto negativo da taxa básica de juros, que está em 15% ao ano, e do tarifaço na economia de Santa Catarina resultaram em uma desaceleração do crescimento industrial em 2025. Na avaliação da Federação das Indústrias (Fiesc), o movimento de redução de ritmo só não foi maior porque a diversificação industrial catarinense diluiu o peso desses fatores, já que segmentos relevantes para a economia do estado foram impulsionados pelo elevado nível de consumo das famílias e também pelo ciclo da construção civil.

A produção industrial de Santa Catarina avançou 2,8% no ano até outubro, na comparação com o mesmo período de 2024. Na mesma comparação, a atividade da indústria brasileira cresceu somente 0,8%. A fabricação de produtos de metal foi um dos segmentos que puxaram o resultado em Santa Catarina, com alta de 14,8% frente ao mesmo período do ano anterior, explicada, em parte, pelo dinamismo da construção civil no Estado, e também do setor automobilístico nacional focado em veículos de maior eficiência energética.

“A produção de alimentos, um dos motores da indústria de Santa Catarina, foi beneficiada pelo aumento da renda. Também contribuiu para o desempenho a retomada da atividade econômica na Argentina, que voltou a comprar produtos catarinenses de diferentes setores”, explicou o presidente da Federação das Indústrias, Gilberto Seleme.

Presidente da Federação das Indústrias, Gilberto Selene. (Foto: Divulgação)

De janeiro a novembro, as vendas para o país vizinho cresceram 19,2%. Segundo Seleme, a Argentina teve um papel importante para o crescimento das exportações catarinenses – que avançaram 3,5% no acumulado do ano até novembro – e ajudou a minimizar a redução das vendas externas para os dois principais destinos de nossas exportações, os Estados Unidos e a China. As vendas aos Estados Unidos foram prejudicadas pelo tarifaço (declínio de 14,1% no ano até novembro), enquanto a queda das exportações para a China (9,1%) refletem uma desaceleração da atividade econômica no país asiático.

Na avaliação da FIESC, as medidas para conter a inflação trouxeram o efeito esperado, de desaceleração da economia, embora o ciclo de alta dos juros esteja longo, devido à expansão do gasto público. “A expectativa é de que a partir do segundo trimestre de 2026 possamos observar uma retomada mais consistente do crescimento da economia, caso a redução da Selic se concretize”, pontuou.

Ainda para 2026, a expectativa é de que o aumento da renda, decorrente das mudanças na faixa de isenção do Imposto de Renda, e a manutenção do mercado de trabalho aquecido sigam impulsionando a economia. No cenário externo, a assinatura do acordo entre a União Europeia e o Mercosul pode levar a um incremento das exportações para o bloco.

“Se ampliadas, as vendas para a União Europeia tendem a minimizar os impactos de uma eventual manutenção do tarifaço e as exportações catarinenses poderão ter novamente um ano positivo. Soma-se a isso a perspectiva de continuidade da retomada do crescimento na Argentina”, afirmou.

Seleme destacou ainda que em 2025 os produtos catarinenses chegaram a mais destinos, e vendas externas para mercados menos tradicionais foram ampliadas, compensando parte da queda nos embarques aos Estados Unidos.

Balanço econômico de 2025 e perspectivas para 2026 foram apresentados nesta quarta-feira. (Foto: Filipe Scotti)

Emprego

Apesar do fechamento de 2,9 mil vagas de trabalho em outubro, no acumulado do ano a indústria registrou saldo positivo de 39,5 mil novos postos de trabalho. “Santa Catarina deve continuar crescendo e, por isso, vai precisar contratar. A falta de trabalhadores qualificados seguirá sendo um desafio para a indústria”, acrescentou.

PRINCIPAIS DADOS DA INDÚSTRIA DE SC

Produção Industrial +2,8% (jan-out/25)
Emprego industrial +39.5 mil vagas (jan-out/25)
Exportações +3,5%  – US$ 11,1 bilhões (jan-nov/25)