Com aproximadamente 60% da produção destinada aos Estados Unidos, o setor madeireiro de Santa Catarina tem sentido os impactos do tarifaço, imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A medida, que está em vigor desde o dia 6 de agosto, impõe tarifas de 50% sobre parte das exportações brasileiras para os Estados Unidos, e tem provocado demissões e quedas de faturamento no setor.
Segundo o presidente do Sindicato das Indústrias de Madeira e Móveis do Sul de Santa Catarina (Sindimad), Danilo Salvaro, o impacto vai além das exportações locais. “O tarifaço desacelerou não só o mercado daqui. O mundo todo está estagnado esperando resoluções”, destaca, em entrevista ao Portal Engeplus.
Conforme Salvaro, cidades do estado que têm a madeira como principal polo econômico já sentem os reflexos da medida. “Caçador, Lages, São Bento do Sul e Rio Negrinho, por exemplo, estão sendo afetadas. Temos produtos com tarifas que chegam a 50%, por isso, as empresas registraram grandes quedas no faturamento”, afirma.
Demissões e cortes de gastos
De acordo com o presidente, os efeitos também impactam o mercado de trabalho. “Muitas empresas aplicaram cortes de gastos, eliminando horas extras e reposição de rotatividade. Somente no sindicato, em três meses, 40 trabalhadores foram demitidos. Apesar disso, não há risco de fechamento de fábricas, mas a necessidade de ajustes é clara”, ressalta.
Segundo Salvaro, alguns clientes seguem comprando normalmente, mas outros interromperam os pedidos até setembro. “Esse é justamente o período de maior volume de vendas para o Estados Unidos, então a paralisação preocupa muito”, frisa.
Salvaro enfatizou que, para ele, não há solução a não ser uma negociação política direta. “Qualquer medida que não envolva o governo brasileiro indo a Washington (EUA) será apenas um ‘remendo’. O setor precisa de uma resolução presencial e efetiva”, finaliza o presidente.