Até o final do ano, duas tecnologias de inspeção de qualidade desenvolvidas em parceria com o Instituto Senai de Inovação em Sistemas de Manufatura, de Joinville, começam a ser testadas nas montadoras da GM nos Estados Unidos, última etapa para que elas ganhem o status de “padrão” da empresa e passem a ser utilizadas por unidades em todo o planeta.
A informação foi dada pelo engenheiro Carlos Sakuramoto, gerente de Tecnologia e Inovação da multinacional para a América do Sul, durante a reunião de diretoria da Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc), na última sexta-feira (22).
“O Senai auxilia no desenvolvimento das tecnologias e reduz o risco”, afirmou o executivo. O robô Snake, que mimetiza uma cobra, será o terceiro projeto a seguir a mesma trajetória.
As tecnologias citadas por Sakuramoto seguem um modelo de desenvolvimento tecnológico que começa pela detecção de pontos de melhoria no processo produtivo, identificação de parceiros, elaboração de propostas e desenvolvimento da tecnologia.
Após testes em situações reais, as tecnologias são patenteadas e depois licenciadas para fabricação por parte de terceiros, no caso, a Strockmatik, uma startup de Joinville. O passo final é a validação no país sede da multinacional.
O licenciamento garante à montadora royalties e exclusividade de compra das ferramentas por um determinado período. Depois disso, a empresa licenciada tem liberdade para comercializar, inclusive para marcas concorrentes.
“O modelo tem menor chance de fracasso, porque tem uma grande empresa por trás desse processo. A licenciada já nasce com um grande cliente”, disse o executivo. O Smart Die System, que ajusta ferramentas e controla o processo de estamparia, elevou a produção de 12 para 20 peças por minuto. Já o Spark Eyes Systems faz a verificação de todos os pontos de solda em tempo real.
“Um automóvel tem cerca de 4 mil pontos de solda”, explicou o engenheiro. Conforme Sakuramoto, estes dispositivos possibilitam que as verificações sejam feitas em todas as peças e não mais por amostragem.
Outra vantagem é que os sistemas automatizados têm maior efetividade do que a verificação humana, que pode entrar em fadiga e precisa ser “calibrada”, tendo em vista que duas pessoas podem fazer análises diferentes.
Robô Snake
Sakuramoto relatou um episódio curioso sobre o robô Snake: é comum que sejam necessários dois ou mais robôs para a execução de determinadas tarefas. “Procuramos diversos institutos de pesquisa e nenhum conseguiu propor uma solução”, citou.
No Instituto Senai em Joinville, a resposta foi diferente e o robô já está concluído e patenteado e agora passa pelo licenciamento para produção. “Será o primeiro robô do mundo a ser vendido por metro linear e por grau de liberdade, por curva para vencer cada obstáculo”, comentou o gerente da GM.
Fazendo jus ao nome, o robô se movimenta como uma cobra.
“A inovação pode vir de todo lado, mas na indústria ela deve estar direcionada para vantagens competitivas reais”, destacou Carlos Sakuramoto. “A parceria com o SENAI tem tido uma taxa de sucesso de 90% em todos os projetos desenvolvidos”, completou.
“É tecnologia catarinense que pode ganhar o mundo”, celebrou o presidente da FIESC, Mario Cezar de Aguiar. Ele destacou a relevância da atuação dos Institutos SENAI que recebem a confiança de empresas do porte da GM. “A ´parceria tem dado muito certo”, disse. Os três projetos citados receberam apoio da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação da Indústria (Embrapii).