Explicações finais de Moisés e Merísio

Esta é a última entrevista do período eleitoral feita no contexto do projeto Cobertura Eleições SC 2018 – Jornais Impressos e Digitais. O projeto foi efetivado pela parceria entre a Associação de Diários do Interior (ADI-SC) e Associação dos Jornais do Interior (Adjori-SC), que integrou editorialmente perto de uma centena de veículos de comunicação do interior catarinense. Foram publicados inúmeros materiais – notas, artigos, entrevistas e matérias – com os candidatos ao Senado, ao governo do Estado e a vice, além do presidente do TRE-SC, desembargador Ricardo Roesler. Passado o primeiro turno, ouvimos também os senadores eleitos – Esperidião Amin (PP) e Jorginho Mello (PR) -, bem como os deputados, Hélio Costa (PRB) e Ricardo Alba (PSL), respectivamente federal e estadual mais bem votados.

No segundo turno, voltamos a ouvir os candidatos Comandante Moisés (PSL) e Gelson Merisio (PSD), que passaram pelo primeiro crivo das urnas. Eles aprofundaram seus planos de gestão nas diversas áreas que envolvem o comando de um Estado – Educação, Saúde, Segurança, Infraestrutura, Tecnologia, Empreendedorismo, Dívida Pública e tantos outros temas, tratados em entrevistas exclusivas publicadas nos dias 11 de outubro, com Gelson Merisio, e 18 de outubro, com Comte. Moisés. Todos os materiais estão disponíveis nos sites adisc.com.br, scportais.com.br e rcnonline.com.br. No próximo domingo (28), um dos dois será escolhido para governar o Estado a partir de 1º de janeiro de 2019.

Pela importância do momento, trazemos aqui não só um pouco mais de suas propostas, já bastante divulgadas, mas os pontos mais criticados entre ambos ao longo dos embates eleitorais de segundo turno.

 

Explicações finais de Moisés e Merísio

 

Comte. Moisés/PSL

Vice – Daniela Reinehr/PSL

1º turno – 1.071.406 votos

Número de urna –   17

 

Jornais ADI/Adjori – Seu adversário criticou bastante a sua opção pela “requerida”, dizendo que ajuda a aprofundar o déficit da Previdência estadual. Qual a sua defesa para isso?

Comte. Moisés – Esta é uma modalidade de promoção prevista em Lei e quem adere à requerida tem que cumprir requesitos, como os 30 anos de efetivo serviço público. Qualquer policial ou bombeiro militar já pode se aposentar com esse tempo de serviço. A diferença salarial é pequena no que diz respeito à promoção de tenente coronel a coronel. Repito que e uma opção legal, um direito. Eu poderia continuar na ativa ou não. Assumi meu tempo de serviço, completei os requisitos previstos em lei e esse direito ficou à minha disposição. O nome requerida não significa que você vai atrás de um direito que não tem. É uma modalidade que contempla todos os requisitos. Tem que ser tenente coronel por pelo menos três anos, ou seja, estar no penúltimo posto, somando 30 anos de serviços prestados, e eu ultrapassei esse período. São condições legais que dão condições de se aposentar. Nós temos policiais, nos Estados Unidos, por exemplo, que se aposentam com 15 anos de serviços e 75% de seus ganhos. No meu caso o ganho é integral porque completei o tempo exigido.

 

ADI/Adjori – A crítica dele é porque o senhor assumiu o último posto, obteve o ganho equivalente e logo se aposentou.

Comte. Moisés – Isso está previsto em Lei e a Lei, inclusive, foi aprovada na Assembleia. Na nossa avaliação, não passa de um argumento eleitoral. Está na lei há alguns anos e até agora ele não havia criticado. É oportunista. Como não tem um adversário com a vida suja, tentou buscar alguma coisa que, na verdade, não fez nem um estalinho. Mantivemos a campanha e as pessoas sequer questionam.

 

ADI/Adjori – Um ponto convergente entre as duas candidaturas é o enxugamento da máquina púbica. Isso pode significar retirada de privilégios de servidores públicos?

Comte. Moisés – Em relação à previdência, já houve a modificação. O servidor que ingressou em carreira do Estado a partir de 2015 se aposenta com o teto do INSS. Essa questão está superada. E o servidor tem a livre opção de fazer uma previdência complementar. Enxugamento da máquina, de fato, vai trazer para o Estado uma economia e capacidade de investimento. Isso é importante. Temos cargos e estruturas de secretarias que não deveriam existir. As Agências de Desenvolvimento Regional, ADRs, são apenas um exemplo. Para as setoriais, ainda haverá um estudo. Queremos que a reforma administrativa que vai nos dar condições para o enxugamento da máquina aconteça ainda no governo atual, para que, quando começarmos o nosso governo, e assim o eleitor entender, já estaremos com o Estado pronto e preparado. Mas a nossa reorganização passa também por cobrar tributos de todos. Não é necessário aumentar tributos se todos contribuírem, se os cidadãos ajudarem a fiscalizar. É muito desleal você ter um comércio e recolher os tributos, enquanto seu vizinho não o faz. Além disso, temos a repactuação federativa, lenta, progressiva, mas essencial para que fiquem mais recursos nos municípios e no Estado.

 

ADI/Adjori – Em relação aos privilégios dos servidores públicos…

Comte. Moisés – Tenho visto vários setores do serviço público que têm algumas vantagens. A questão de tempo de serviço, como quinquênio e decênio, não é um problema, porque está gerando uma possibilidade de progressão na carreira. É o que os professores hoje não têm e reclamam muito. Com salários achatados, não há estímulo para permanecer em sala de aula. Mas existem privilégios que precisam ser revistos, como auxílio combustível para uma categoria que sequer usa carro. A transparência nos permitirá fazer proposições para corrigir tudo o que está irregular no Estado.

 

Gelson Merisio/PSD

Vice – João Paulo Kleinübing/DEM

1º turno – 1.121.869 votos

Número de urna –    55

 

Jornais ADI/Adjori – A maior crítica de seu adversário é que o senhor representa a velha política. Como o senhor pode desmentir isso, estando há tanto tempo no cenário político catarinense?

Gelson Merisio – Eu represento a velha política? Sou um matuto lá do Oeste que para chegar até aqui tive que brigar com Jorge Bornhausen, Julio Garcia e Eduardo Pinho Moreira, que não me queriam como candidato. Por sinal, agora estão todos do outro lado apoiando o Moisés. Fazer o novo é romper com os modelos que aí estão, é cortar 1.200 dos 1.400 cargos comissionados, como eu proponho, é nomear apenas técnicos para as secretarias ainda antes da eleição, para o eleitor saber qual o time que está escolhendo e não apenas qual o nome na disputa. E eu tenho apenas três mandatos de deputado estadual. Estou há menos tempo na política do que meu candidato a presidente Jair Bolsonaro, que tem sete mandatos de deputado federal. Não vejo trajetória como algo negativo. Tenho várias realizações nesse breve período, como a criação e aprovação da PEC da Saúde e o início da prática de devoluções para o governo estadual das economias da Alesc, que somaram mais de R$ 330 milhões para o governo aplicar em Saúde, Educação e Segurança Pública.

ADI/Adjori – O senhor fala em enxugamento da máquina pública, isso inclui mexer com eventuais privilégios de servidores estaduais? Que tipo?

Gelson Merisio – São duas coisas diferentes. O enxugamento passa primeiro por cortarmos 85% dos cargos comissionados, reduzirmos de 18 para apenas 10 o número de secretarias centrais e a extinção completa de todas as regionais. Boa parte dos privilégios nós já corrigimos para o futuro, com a Reforma da Previdência que realizamos em Santa Catarina em 2015. Agora qualquer novo servidor que entrar no serviço público se aposentará no máximo com o teto do INSS, inclusive os deputados estaduais. O direito adquirido do valor da aposentadoria nós não podemos e não iremos mexer. Mas alguns privilégios que nós vamos mudar são esses como a indústria de coronéis. O que acontece é que eles recebem a aposentadoria por um posto, mas não trabalharam um dia sequer na função, é a chamada “requerida”, ou “lei do pijama de ouro.” Temos que acabar também com a “expulsória”, em que um coronel é obrigado a se aposentar por ter ficado seis anos no posto. Não faz sentido. Se ele quiser continuar, que continue. O Estado não ganha nada forçando esse profissional a ir para casa.

ADI/Adjori – Seu plano de governo passa por uma reforma administrativa?

Gelson Merisio – Eu não chamo de reforma administrativa. A forma certa do denominar o que eu quero fazer é ruptura de modelo. Extinguir todas as secretarias regionais. Cortar 1.200 dos 1.400 cargos comissionados, o que corresponde a 85% do total. Reduzir de 18 para 10 as secretarias centrais. E preencher essas vagas de liderança com 50% de participação feminina. Mostramos nosso compromisso anunciando quem serão nossos secretários de forma antecipada, nomes técnicos e com trabalho reconhecido em suas áreas. Para a Educação, indicaremos Lucia Dellagnelo, mestre e doutora em Educação pela Universidade de Harvard e diretora-presidente do Centro de Inovação para Educação Brasileira. Na Saúde, será secretária a doutora Cristina Pires Pauluci, médica efetiva do Estado e especialista em gestão. Caso eu seja eleito, nosso secretário da Fazenda será Guilherme Zigelli, superintendente do Sebrae-SC, um técnico com especialização no fomento e apoio às micro e pequenas empresas. Para liderar a pasta que é nossa prioridade, a Segurança Pública, escolhemos como secretário Odair Tramontin, coordenador do GAECO (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) de Blumenau. E nossa indicação para secretário adjunto de Segurança é um delegado da Polícia Federal que já coordenou ações da Operação Lava-Jato, Ivan Ziolkowski.