Desde janeiro Ministério da Saúde não fornece o remédio para tratamento de Hepatite C. Secretaria de Estado vai denunciar falha ao MPF

A Secretaria de Estado da Saúde deve comunicar ao Ministério Público Federal (MPF-SC) a falta do medicamento Daclatasvir, usado no tratamento de doentes com Hepatite C. De acordo com o secretário estadual da Saúde, Acélio Casagrande, desde janeiro Santa Catarina não recebe as doses do remédio, que tem compra centralizada no Ministério da Saúde. Com isso, mais de 300 pessoas já diagnosticadas estão sem o tratamento no estado.

A diretora da Assistência Farmacêutica da Secretaria, Maria Teresa Agostini, explicou que o médico pode receitar outros remédios. Porém, o Daclatasvir é considerado top de linha, uma vez que reduz o risco de contaminação e aumenta a possibilidade de cura com negativação da carga viral chegando a 90%. Além disso, os efeitos colaterais são menores e o tratamento dura somente três meses.

A responsável pelo setor disse que o mesmo está acontecendo em todos os estados e que houve a decisão de um movimento nacional de denúncia ao MPF, que poderá ajuizar uma ação exigindo que a União cumpra seu dever. “Administrativamente, os contatos são quase diários. Mas a única resposta que temos é que o processo de compra ainda não foi finalizado. Isso aumenta ainda mais a nossa preocupação”, contou Maria Teresa.

Ela lembrou que a Hepatite é uma doença crônica, que precisa ser tratada e que o próprio Ministério da Saúde tem como meta erradicar a transmissão no país até 2030. Mas, pelo menos por enquanto, está trabalhando contra sua própria meta.

 

Mais dificuldades

Não é só na falta de fornecimento do Daclatasvir que o Ministério da Saúde está falhando com Santa Catarina e os estados de uma maneira geral. O remédio Trastuzumab, usado no tratamento de câncer de mama e distribuído gratuitamente por força de uma ação civil pública, ficou sem remessa desde o início de maio.

Por orientação do secretário Casagrande, a diretora de Assistência Farmacêutica, Maria Teresa Agostini, foi a Brasília e agora o fornecimento começa a ser regulado. “Vários medicamentos de compra centralizada estão sendo entregues de forma parcelada. O controle de estoque permite remanejamento, mas o Ministério da Saúde tem atrasado e, com isso, dificultado a gestão e o acesso aos medicamentos”, observou. | Foto: EBC

Por Andréa Leonora