Raimundo Colombo renuncia. Eduardo Moreira será efetivado no cargo de governador

Exatamente às 14 horas desta quinta-feira (5), depois de um breve discurso a portas fechadas no gabinete do presidente da Assembleia Legislativa, deputado Aldo Schneider (MDB), o governador Raimundo Colombo (PSD) entregou sua renúncia ao cargo. O ato não foi uma novidade. Ele está licenciado desde o dia 16 de fevereiro e em seu lugar assumiu o vice Eduardo Pinho Moreira (MDB), que na manhã desta sexta-feira (6), em ato também no Parlamento, sairá da condição de governador em exercício para a de efetivo.

Antes de sair da Assembleia, Colombo usou o SCPortais para mandar uma mensagem aos catarinenses. Veja o vídeo clicando aqui.

Colombo chegou ao Palácio Barriga Verde acompanhado de assessores diretos e foi recebido por deputados de seu partido – Milton Hobus, líder da bancada do PSD na Casa, Antonio Aguiar, Gabriel Ribeiro e Jean Kuhlmann. Animado, risonho e com aspecto bem menos cansado do que apresentava antes da licença, foi pródigo em cumprimentos no caminho do hall à presidência, numa espécie de aquecimento para a campanha ao Senado.

No trajeto, encontrou outros deputados que foram seus secretários de Estados, como Ada De Luca, Moacir Sopelsa e Carlos Chiodini, todos do MDB, assim como Dirce Heiderscheidt, que também estava na pequena caravana que se formou. Abraços efusivos, sorrisos e agradecimentos não faltaram nesses breves reencontros. Já na presidência, foi recebido por Schneider.

 

De acordo com Colombo, a conversa a portas fechadas e sem a presença da imprensa foi o cumprimento de um preceito legal imposto pela Lei Eleitoral, que é a desincompatibilização. “O Aldo é um bom amigo. Está se recuperando de um tratamento de saúde, mas pude entregar para ele o documento, como manda a legislação. E desejo muito que ele se recupere.” | Foto: Facebook de Raimundo Colombo

 

Depois do compromisso na Assembleia, Colombo foi para Blumenau, onde acompanhou a renúncia do prefeito Napoleão Bernardes (PSDB) que pleiteia espaço em chapa majoritária. De lá, seguiu para Lages, acompanhar a mãe que teve alta hospitalar. “Estamos fazendo um rodízio entre os irmãos. O meu dia de cuidar dela era sábado, mas como vamos ter o evento*, vou ficar com ela durante a sexta”, contou, deixando o papel de filho falar mais alto que o de político.

 

Imprensa

O assunto que predominou durante a entrevista foi política, com análise do cenário estadual e do nacional | Foto: Facebook de Raimundo Colombo

Logo depois da oficialização da renúncia, Raimundo Colombo concedeu entrevista à imprensa durante a qual o assunto predominante foi a política e não o encerramento do mandato de sete anos. A prestação de contas será realizada no sábado (7), em um grande evento* que está sendo organizado em Lages.

O agora ex-governador reafirmou que é pré-candidato ao Senado e que seu “sonho” é que seu partido, o PSD, tenha um candidato. “O Merisio é o candidato. Que ele se fortaleça e que a gente possa trabalhar o projeto partidário ideal”, declarou, acrescentando que somente nas convenções os nomes e as chapas serão definidos. “Mas um partido grande como o nosso precisa ter candidato.”

Todas as perguntas feitas sobre coligações e alianças foram evitadas por Colombo – “Não torço por nenhuma aliança e não forço nenhuma aliança”. Disse que o cenário está completamente aberto e que não há, por enquanto, candidatos ao Executivo que possam ser considerados mais ou menos viáveis, valendo o mesmo para as coligações.

Entre outros assuntos, comentou que espera esforço de seu sucessor, Eduardo Moreira, para a liberação dos recursos do Fundo de Apoio aos Municípios (Fundam 2).

 

“Muitos líderes”

Para Colombo, Geraldo Alckmin, que também deixa o governo de São Paulo para disputar a presidência da República, e o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, são bons nomes. Ele avaliou o momento do país como “crítico e difícil” e que “corremos riscos”.

“Quem tem responsabilidade, quem sabe as consequências de uma aventura, precisa ajudar a fazer essa transição, dentro da democracia, através da liberdade das pessoas, com exercício pleno da cidadania. É o maior patrimônio que nós temos e não pode estar sob risco. Estamos vivendo um momento desafiador. Eu me inclino muito a uma candidatura de Centro que seja responsável e corajosa. O Alckmin e o Meirelles preenchem esses requisitos. Temos que ter a capacidade de não deixar estourar (referindo-se ao clima de animosidade que se instalou no país) e, ao mesmo tempo, a temos que ter a consciência de que devemos mudar muito, muitas coisas e em muitos setores. Isso não se faz de forma simples e tem que ter um esforço gigantesco de todos nós, responsáveis pelo Brasil. Não precisamos de um líder. Precisamos de muitos líderes.”

 

“Absolutamente normal”

Questionado sobre as reações no PSD por ter antecipado em um mês sua saída do governo, deixando a caneta para o emedebista Eduardo Moreira, que não precisa se desincompatibilizar caso decida concorrer ao governo do Estado, o ex-governador admitiu que houve descontentamento.

“Mas eu fiz o que era certo. Dei a ele as condições que achei que eram justas. É uma questão de correção. A grande maioria, eu sinto que compreendeu, até porque nunca escondi de ninguém que desejava ser candidato e que iria fazer isso. A Lei de Responsabilidade Fiscal impõe um engessamento absurdo a partir de maio em um ano eleitoral. Se a pessoa assume no dia 7 de abril para trabalhar até 30 de abril, o que é que vai fazer? A transição tem sido tão absolutamente normal que não gerou nenhuma crise. Foi feita com desprendimento. Temos que pensar no Estado. Não no partido ou nos interesses pessoais.”

 

“Dever cumprido”

Declarando que o sentimento é de “dever cumprido e missão encerrada”, Raimundo Colombo admite que gostaria de fazer muito mais por Santa Catarina. “Com as condições que nós tivemos, no meio de uma crise tão profunda, cumprimos com tudo o que foi possível. Há uma realização pessoal e de equipe, que trabalhou muito.” A maior conquista, aponta, foi vencer a crise, gerar empregos e manter as contas públicas em equilíbrio. Por outro lado, Segurança Pública foi o maior desafio.

 

A posse e a despedida

Raimundo Colombo não estará na efetivação de Eduardo Moreira no cargo de governador. Entende que já passou o bastão no dia 16 de fevereiro e afirma que Moreira tem a mesma compreensão, destacando que não há qualquer indisposição entre os dois. Prova disso está no fato de que Eduardo Moreira estará em Lages para a prestação de contas e confraternização de encerramento de sete anos de mandato, no sábado. Julio Garcia, que há duas semanas voltou a se filiar ao PSD e é pré-candidato a deputado estadual, e o deputado Gelson Merisio, presidente estadual da sigla, também confirmaram presença na confraternização.

(Por Andréa Leonora, em 05/04/2018)