Tem razão quem respondeu que sim à pergunta do título. Mas apenas em parte. O capacete da foto traz um sistema de sensores desenvolvido em Santa Catarina que alerta quando o trabalhador entra em área de risco de acidentes. Cinquenta unidades já estão em uso na construção do mais alto edifício da América Latina, em Balneário Camboriú. Além dos sinais luminoso e sonoro no ponto de risco para chamar a atenção do trabalhador, o responsável pela segurança da obra também é avisado em tempo real da ameaça de acidente.
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O projeto Seif é apenas um dos muitos que estão sendo desenvolvidos no Instituto da Indústria Robson Braga de Andrade, inaugurado nesta quinta-feira (15), no Sapiens Parque, em Florianópolis. A unidade reúne o Centro de Inovação SESI em Tecnologias para a Saúde, onde o capacete com sensores foi criado, e o Instituto Senai de Inovação em Sistemas Embarcados, além da Fundação Centros de Referência em Tecnologias Inovadoras (Certi).
O Instituto
Foram aplicados ali R$ 15 milhões, apenas uma pequena parte do projeto de R$ 3 bilhões da Confederação Nacional da Indústria (CNI), que prevê a instalação de uma rede com 25 Institutos Senai de Inovação no país, 21 já em funcionamento, sendo três em Santa Catarina – além do de Florianópolis, um em Joinville, de Inovação em Sistemas de Manufatura, e outro em Itajaí, de Tecnologia em Logística.
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Para o presidente da Federação das Indústrias (Fiesc), Glauco José Côrte, o investimento é necessário para que o Brasil consiga reduzir a distância tecnológica na comparação com países desenvolvidos e não perca a oportunidade de acompanhar a evolução da chamada indústria 4.0, fortemente baseada em inovação e tecnologia de ponta. “O que estamos vendo aqui é uma ruptura entre o que tínhamos e o que precisamos ter. Mais do que o prédio em si, um ecossistema importante, com equipes altamente qualificadas, preparadas para atender as demandas da indústria. A indústria será mais bem atendida quando nós estivermos um pouquinho à frente”, defendeu o líder industrial catarinense.
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Oportunidade ou ameaça
O diretor de Educação e Tecnologia da CNI, Rafael Lucchesi, foi taxativo ao afirmar que as empresas que não perseguirem o domínio profundo das novas tecnologias não serão mais competitivas. Ele concordou com Côrte sobre a oportunidade que não pode ser perdida. “Se entre 1930 e 1980 o Brasil foi o país que mais cresceu no mundo, por força de uma agenda de manufatura, nos quase 40 anos seguintes nós crescemos a metade dos outros países desenvolvidos, ou seja, o fosso se ampliou. Agora nós temos uma segunda grande oportunidade ou uma ameaça, que é a indústria 4.0. Temos o enorme desafio de cumprir uma dupla agenda: avançar muito na indústria 3.0 e, simultaneamente, nos posicionarmos nos novos eixos que serão vencedores.”
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Nova fase
Em seu pronunciamento, o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, homenageado ao ter seu próprio nome associado ao do Instituto da Indústria, enalteceu a participação do presidente Côrte não só na defesa da indústria catarinense, mas também brasileira, com a atuação vice-presidência de Competitividade da CNI. Ele valorizou o trabalho do empresário industrial catarinense e o perfil empreendedor do Estado. “No Sistema Indústria temos pessoas muito competentes e essas pessoas têm a preocupação de inserir a indústria numa nova fase que é hoje a 4.0. Precisamos estar preparados. As indústrias que vão sobreviver são as que investirem em ciência, tecnologia e inovação. Nós jamais conseguiremos fazer isso se não investirmos nas pessoas”, declarou. “Não se faz um país grande, um país forte com uma indústria pequena. O que fortalece o país, dá inteligência, conhecimento e força, é a indústria”, finalizou.
Saúde e Segurança do trabalhador
A saúde do trabalhador da indústria também está no foco das atenções da CNI, que aplicou recursos para instalar oito Centros de Inovação do SESI no país, dedicados a linhas específicas de pesquisa em Segurança e Saúde no Trabalho (SST). Em Santa Catarina o tema é tecnologias para a saúde; na Bahia, prevenção da incapacidade; no Ceará, economia para saúde e segurança; ergonomia é a linha de pesquisa realizada em Minas Gerais; sistemas de gestão de SST, em Mato Grosso do Sul; longevidade e produtividade, no Paraná; higiene ocupacional, no Rio de Janeiro; e fatores psicossociais, no Rio Grande do Sul. Todas as unidades se comunicam para a troca de informações e colaboração mútua.
A preocupação tem motivos fortes. O Brasil é recordista mundial em afastamentos do trabalho. O estoque de trabalhadores em licença temporária ou afastamento definitivo chega a 2,5 milhões de pessoas, o que gera um custo anual de R$ 80 bilhões em benefícios. A queda de produtividade resultante desse cenário afeta negativamente os índices de eficiência e competitividade do país.
Carta da Indústria 4.0
Na entrega do Instituto da Indústria, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e o Senai Nacional lançaram a Carta da Indústria 4.0. O documento salienta que a Indústria 4.0, também conhecida como a quarta revolução industrial, vem transformando a produção do setor com novos processos, produtos e modelos de negócios que tornarão os sistemas convencionais de produção gradualmente obsoletos. “Ciente disso, a CNI trabalha desde 2016 na sensibilização da indústria para a importância de se engajar neste movimento em direção à indústria 4.0 e atua junto com o governo para a criação de políticas públicas capazes de apoiar o desenvolvimento tecnológico das empresas brasileiras, assim como vem ocorrendo nas demais nações industrializadas”, diz o documento. Clique aqui para ler a íntegra.
A carta destaca ainda que o SENAI entende que a Indústria 4.0 é a grande oportunidade para a indústria brasileira ser mais produtiva, por meio de tecnologias digitais. O Instituto da Indústria de Florianópolis integra o conjunto de iniciativas em âmbito nacional para a inserção da indústria na nova revolução industrial.
(Por Andréa Leonora, em 15/03/2018. Foram usados trechos de matérias publicadas no site da Fiesc)