Governo busca acordo para evitar tarifa dos EUA sobre produtos brasileiros

O vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, liderou nesta terça-feira (15) uma articulação com empresários dos setores industrial e agropecuário para tentar reverter o aumento das tarifas de importação impostas pelos Estados Unidos a produtos brasileiros.

A medida, anunciada pelo presidente norte-americano Donald Trump, prevê elevação de até 50% nas tarifas a partir de 1º de agosto. O impacto atinge setores como aviação, aço, alumínio, têxteis, calçados, papel e celulose.

Durante duas reuniões realizadas em Brasília, empresários reforçaram apoio às negociações conduzidas pelo governo federal e pediram que o Brasil evite retaliações. “A reunião foi muito proveitosa. Ouvimos todos os setores com maior fluxo de comércio com os EUA. Vimos um alinhamento em torno da negociação. Eu trouxe a mensagem do presidente Lula de empenho para rever esta situação”, afirmou Alckmin.

Exportações em alta, mas com desequilíbrio

De janeiro a junho deste ano, as exportações do Brasil para os Estados Unidos cresceram 4,37%, enquanto as importações de produtos norte-americanos para o Brasil aumentaram 11,48%. Para o vice-presidente, essa relação comercial desequilibrada reforça a necessidade de diálogo.

“Estaremos unidos para reverter essa decisão. É uma relação importante que também afeta os Estados Unidos, podendo encarecer produtos e impactar a economia americana. É uma oportunidade para novos acordos comerciais”, completou.

Setores se mobilizam nos EUA

Alckmin destacou que o setor produtivo brasileiro vai buscar interlocução com empresas, fornecedores e compradores nos EUA para mostrar os prejuízos causados pela tarifa. “O setor se comprometeu a dialogar com seus parceiros americanos para pressionar pela reversão da medida”, disse.

Algumas entidades sugeriram que o Brasil solicite o adiamento da entrada em vigor das tarifas, prevista para 1º de agosto, como estratégia para ampliar as chances de negociação.

Ampliação de mercados é prioridade, diz ministro da Agricultura

O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, participou da reunião com lideranças do agronegócio. Segundo ele, o esforço do governo para abrir novos mercados é contínuo.

“Desde o início do governo Lula, já são 393 novos mercados abertos para produtos agropecuários brasileiros”, destacou. Fávaro afirmou que o setor continua comprometido com o diálogo e que a expectativa era de dobrar as exportações de carne aos EUA ainda este ano, antes do anúncio das novas tarifas.

“O diálogo está aberto na parte brasileira, mas com respeito à soberania e muita altivez”, finalizou.