Uma audiência pública no Senado Federal discutiu os impactos do tratado global contra poluição plástica. A iniciativa foi convocada pelo senador catarinense Esperidião Amin e aconteceu na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE).
A audiência reuniu lideranças políticas e empresariais de todo o Brasil, com destaque para a comitiva do Sul de Santa Catarina, formada por representantes do setor de transformados plásticos, que alertaram para os efeitos diretos do tratado sobre a cadeia produtiva local. O prefeito de Lauro Müller e presidente da Associação dos Municípios da Região Carbonífera (Amrec), Valdir Fontanella, compôs o grupo ao lado de Reginaldo Cechinel, presidente do Sindicato da Indústria de Material Plástico de Santa Catarina (Sinplasc), representando a Cristalcopo, Anselmo Freitas, Estefane Teixeira da Teixeira Têxtil, do diretor-executivo do Sindicato das Indústrias Plásticas do Sul Catarinense (Sinplasc), Elias Caetano, do deputado estadual Volnei Weber e do deputado federal Daniel Freitas.
“Estamos diante de um debate global que pode impactar profundamente a economia regional. Nossa participação aqui é para defender o equilíbrio entre responsabilidade ambiental e sustentabilidade econômica. O Sul catarinense é referência na produção e inovação da indústria plástica, e qualquer decisão precisa considerar as realidades locais e os avanços já conquistados”, destacou Fontanella.
A preocupação da comitiva é respaldada por números expressivos: a região conta com 239 indústrias do setor plástico, que empregam diretamente mais de 12 mil trabalhadores. O faturamento dessas empresas atinge R$ 5,7 bilhões por ano, sendo R$ 2,5 bilhões apenas em valor adicionado — ou seja, riqueza gerada localmente. Criciúma é um dos maiores polos industriais do estado, ficando atrás apenas de Joinville em número de empresas e empregos no setor.
Além disso, o compromisso ambiental da região também é destacado: somente no Sul de Santa Catarina, são recicladas aproximadamente 135 mil toneladas de materiais plásticos por ano, beneficiando diretamente cerca de 36 mil catadores de materiais recicláveis.
A minuta do tratado foi apresentada pelo embaixador equatoriano Luis Vayas Valdivieso, presidente do Comitê Intergovernamental de Negociação (INC), e será debatida em agosto deste ano, em Genebra, por 175 países. O documento propõe um acordo juridicamente vinculante com medidas de combate à poluição plástica, mas alguns trechos – especialmente os do Artigo 3º – têm gerado preocupações entre os industriais do setor.
A comitiva catarinense defendeu que o tratado leve em conta critérios técnicos e científicos sólidos, como Avaliação de Ciclo de Vida (ACV) e medição de emissões de gases de efeito estufa, além de promover uma abordagem baseada na economia circular, com foco em reúso, reciclagem e modelos de negócios sustentáveis. A proposta também destaca a importância da governança regional para adaptar as medidas à realidade de cada território.