Imprensa internacional repercute denúncia da PGR contra Bolsonaro

A denúncia da Procuradoria-Geral da República do Brasil (PGR) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e outras 33 pessoas recebeu destaque na imprensa internacional entre esta terça (18) e quarta-feira (19). Os envolvidos no inquérito são investigados por uma suposta tentativa de golpe de Estado.

O jornal The New York Times publicou um artigo com o título “Brasil acusa Bolsonaro de planejar golpe após derrota nas eleições de 2022”. A publicação americana aponta que Bolsonaro foi acusado de “supervisionar um esquema para tentar se manter no poder, minar a confiança da população nas eleições de 2022” e “anular a votação quando seus aliados não conseguiram encontrar evidências de fraude”. O Times destacou que o Supremo Tribunal Federal (STF) ainda decidirá se o ex-presidente e outros denunciados serão presos.

O The Wall Street Journal (WSJ) também repercutiu a ação da PGR contra o ex-presidente do Brasil, considerando Bolsonaro “um dos aliados mais próximos do presidente dos EUA, Donald Trump, na América Latina”. O WSJ apontou que a denúncia do procurador-geral do Brasil, Paulo Gonet, tem como alvo Bolsonaro e outros 33 “aliados de direita” pelo que a polícia disse ser “um complô para impedir o presidente Luiz Inácio Lula da Silva de assumir o cargo em 2023, incluindo planos para assassinar o líder de esquerda”.

O jornal americano lembrou detalhes de uma entrevista do ex-presidente, em novembro do ano passado, na qual ele disse ao Journal que “estava contando com o apoio do governo Trump para poder concorrer à próxima eleição presidencial do Brasil em 2026 e retornar ao poder”.

O The Washington Post destacou que a investigação indica uma participação ativa de Bolsonaro na “disseminação sistemática de desconfiança no sistema eleitoral entre a população, a elaboração de um decreto para dar uma aparência de legalidade ao plano, a pressão sobre a alta cúpula militar para aderir à iniciativa e a incitação a um motim na capital”.

Já o jornal francês Le Monde apontou que o ex-presidente, de 69 anos, “e outros réus foram atingidos ​​por cinco acusações pela suposta tentativa de impedir que o presidente petista Lula da Silva tomasse posse após uma disputa eleitoral acirrada”.

O argentino La Nación destacou em seu título que “a PGR acusou Jair Bolsonaro de ‘planejar’ golpe no ataque à Praça dos Três Poderes em 2023”.

A publicação citou um trecho da acusação contra o ex-presidente, afirmando que “a organização criminosa tinha como líderes o então presidente [Jair Bolsonaro] e seu candidato a vice [Walter Braga Netto].”

O jornal argentino acrescentou que Bolsonaro disse que “não estava preocupado” com a decisão da promotoria e negou ter cometido crime. “Você viu o decreto do golpe, por acaso? Eles não viram isso. “Eu também não”, disse ele.

Outro argentino, o Clarín, explicou que “imputaram a Bolsonaro uma acusação de golpe de Estado em 2022”. O jornal acrescentou que “o ex-presidente também é acusado de tentar abolir violentamente o estado democrático de direito, de organização criminosa armada e que outras 33 pessoas também foram acusadas pelos tribunais locais”.