O dólar voltou a registrar alta expressiva nesta quinta-feira (19), atingindo R$ 6,29 na máxima do dia. O movimento ocorre apesar de uma intervenção extraordinária do Banco Central (BC), que realizou um leilão de venda de dólares à vista para conter a valorização da moeda. A operação disponibilizou US$ 1,5 bilhão ao mercado, mas o impacto foi limitado, reforçando a desconfiança de investidores sobre a eficácia das medidas adotadas.

A instabilidade no câmbio é reflexo de incertezas no cenário fiscal brasileiro. Após a apresentação de pareceres para os projetos do pacote de cortes de gastos na Câmara dos Deputados, o mercado segue cético quanto à capacidade do governo em reequilibrar as contas públicas. A combinação de déficits elevados e despesas crescentes gera pressões inflacionárias, com impacto direto no poder de compra da população.

Outro fator que preocupa é o relatório de inflação divulgado pelo BC, que confirmou que a meta de 3% para 2024 não será cumprida, representando o terceiro descumprimento consecutivo. O avanço do dólar, que já acumula alta de 29,15% no ano, também aumenta os custos de insumos importados, impacta setores como combustíveis e indústria e pressiona os preços ao consumidor final.

Para o consumidor, a valorização da moeda americana eleva o preço de produtos importados e encarece viagens e compras internacionais. Já para empresas exportadoras, o real desvalorizado pode representar uma vantagem competitiva. Segundo analistas, as próximas semanas serão cruciais para entender a profundidade dos ajustes fiscais e a possibilidade de novas intervenções do BC no câmbio​.