Indústria de Santa Catarina tem potencial para liderar produção na área da saúde

Especialistas em saúde e economia disseram que a indústria de Santa Catarina tem elevado potencial para liderar a fabricação de produtos para o Complexo Econômico-Industrial da Saúde (CEIS).

Ainda em implantação, o CEIS é uma espécie de política nacional que pretende estimular a produção de remédios e equipamentos médicos para fortalecer a indústria brasileira e dar ao governo a oportunidade de comprar no Brasil o que atualmente precisa importar, como máquinas para exames, tratamentos e vacinas (detalhes abaixo).

Os principais diferenciais do estado são a qualificação dos trabalhadores, a expansão de parques tecnológicos, a relação com agências de pesquisa, as articulações institucionais e a infraestrutura de portos e aeroportos, listou João Calixto, diretor do Centro de Inovação e Ensaios Pré-Clínicos (CIEnP).

Por outro lado, os maiores obstáculos são a escassez de parcerias com grandes laboratórios, o número reduzido de unidades capazes de escalonar produtos farmacêuticos e a falta de comitês de ética para pesquisas clínicas.

 

CNI

O diretor de desenvolvimento industrial da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Rafael Lucchesi, disse que Santa Catarina está muito avançada “na agenda da inteligência, do capital humano e da tecnologia”, por isso pode despontar na produção do CEIS.

Denizar Viana, professor de Medicina e ex-secretário de Ciência e Tecnologia do Ministério da Saúde, destacou que o Sistema Único de Saúde (SUS), que atende 190 milhões de pessoas, deverá ser o maior comprador dos produtos CEIS, o que dá garantias à produção.

O governo já anunciou o que pretende comprar via CEIS. Na lista estão vacinas, insumos farmacêuticos ativos, tecnologias para dispositivos médicos e equipamentos médicos.

Estado

A indústria da saúde em Santa Catarina já produz medicamentos para pessoas e animais, aparelhos eletromédicos, eletroterapêuticos e instrumentos para uso médico e odontológico. É a sexta no ranking local de produção industrial.

Para se destacar no CEIS, observaram Camile Giaretta Sachetti e Jorge Costa, da Fiocruz, a indústria também pode focar em produtos que incorporem novas tecnologias e que considerem necessidades em saúde provocadas por mudanças climáticas, persistência de doenças tropicais e envelhecimento populacional.

O secretário de Estado da Fazenda, Cleverson Siewert, disse que o segmento é importante para a economia do estado e pode ser ainda mais com o CEIS. “O setor de saúde é estratégico e pode levar o estado a uma nova matriz econômica no futuro.”

Os especialistas se reuniram na Federação das Indústrias de Santa Catarina (FIESC), a convite da FIESC e do governo do Estado. Os debates foram intermediados pelo economista Pablo Bittencourt.

Sobre o CEIS

O CEIS é uma das propostas para o fortalecimento do setor produtivo até 2033. Foi apresentado em janeiro deste ano pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI), formado por governo federal, sociedade civil, indústrias e trabalhadores.

Ele pretende articular três setores: indústria química e biotecnológica (produz remédios, vacinas, reagentes), indústria mecânica, eletrônica e de materiais (fabrica equipamentos mecânicos, eletrônicos e próteses) e operadores (hospitais e serviços de diagnóstico e tratamento).