Especialistas em saúde e economia disseram nesta quinta (11) em Florianópolis que a indústria de Santa Catarina tem elevado potencial para liderar a fabricação de produtos para o Complexo Econômico-Industrial da Saúde (CEIS).
Ainda em implantação, o CEIS é uma espécie de política nacional que pretende estimular a produção de remédios e equipamentos médicos para fortalecer a indústria brasileira e dar ao governo a oportunidade de comprar no Brasil o que atualmente precisa importar, como vacinas.
Os principais diferenciais do estado são a qualificação dos trabalhadores, a expansão de parques tecnológicos, a relação com agências de pesquisa, as articulações institucionais e a infraestrutura de portos e aeroportos.
Por outro lado, os maiores obstáculos são a escassez de parcerias com grandes laboratórios, o número reduzido de unidades capazes de escalonar produtos farmacêuticos e a falta de comitês de ética para pesquisas clínicas.
CNI
O diretor de desenvolvimento industrial da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Fabrício Silveira, disse que Santa Catarina está muito avançada “na agenda da inteligência, do capital humano e da tecnologia”, por isso pode se despontar na produção do CEIS.
O professor Denizar Viana, do Departamento de Ciências Médicas da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), destacou que o Sistema Único de Saúde (SUS), que atende 190 milhões de pessoas, deverá ser o maior comprador dos produtos CEIS, o que dá garantias à produção.
O governo já anunciou o que pretende comprar no contexto no CEIS. Na lista estão vacinas, insumos farmacêuticos ativos, tecnologias para dispositivos médicos e equipamentos médicos.
ESTADO
A indústria da saúde em Santa Catarina produz medicamentos para pessoas e animais, aparelhos eletromédicos, eletroterapêuticos e instrumentos para uso médico e odontológico. É a sexta no ranking local de produção indutrial.
O secretário de Estado da Fazenda, Cleverson Siewert, disse que o setor de saúde já é importante para a economia do estado e pode ser ainda mais com o CEIS. “É um setor estratégico e pode levar o estado a uma nova matriz econômica no futuro.”
O encontro para discutir o CEIS foi organizado pela Federação das Indústrias de Santa Catarina (FIESC) e governo do Estado. Foi realizado na Academia FIESC de Negócios.
Além de Fabrício Silveira, Denizar Viana e Cleverson Siewert, reuniu João Calixto, diretor-presidente do Centro de Inovação e Ensaios Pré-Clínicos de SC; e Camile Giaretta Sachetti e Jorge Costa, da Fiocruz. Os debates foram intermediados por Pablo Bittencourt, economista-chefe da FIESC.
SOBRE O CEIS
O CEIS é uma das propostas para o fortalecimento do setor produtivo até 2033. Foi apresentado em janeiro deste ano pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI), formado por governo federal, sociedade civil, indústrias e trabalhadores.
Ele pretende articular três setores: indústria química e biotecnológica (produz remédios, vacinas, reagentes), indústria mecânica, eletrônica e de materiais (fabrica equipamentos mecânicos, eletrônicos e próteses) e operadores (hospitais e serviços de diagnóstico e tratamento).