O “Domo de Calor”, que afeta a Argentina e boa parte do Rio Grande do Sul nos últimos dias, gera um alerta em relação às condições climáticas em Santa Catarina. A Argentina completou no domingo (4) mais de 10 dias seguidos com calor intenso e os termômetros registrando marcas acima dos 40ºC.
Conforme a pesquisadora Marina Hirota, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), esse fenômeno cria um sistema que inibe outros eventos meteorológicos, tais como chuvas ou frentes frias. Esse fator contribui para um aumento significativo na sensação térmica.
Mas afinal, o que é “Domo de Calor”?
O fenômeno conhecido como “Domo de Calor”, também identificado como bloqueio atmosférico, se configura como um evento que origina uma área isolada de ar aquecido na atmosfera.
Essa condição impede a manifestação de outros eventos meteorológicos, como chuvas ou sistemas de frente fria. De certa maneira, atua como uma espécie de tampa sobre uma panela, restringindo a dispersão do calor acumulado no interior desta.
Além disso, a elevação das temperaturas pode acarretar efeitos prejudiciais ao ecossistema, intensificando o estresse hídrico, favorecendo a ocorrência de períodos de seca e ampliando a propensão a incêndios florestais.
As altas temperaturas combinadas à escassez de umidade tornam a vegetação mais propensa a incêndios, representando um risco ambiental significativo.
Embora os “Domos de Calor” sejam eventos climáticos naturais, o aumento global das temperaturas resultante das mudanças climáticas tende a tornar o calor mais frequente e intenso em algumas regiões, representando um desafio adicional para a saúde pública e a gestão ambiental.
O que acontece com o corpo sob temperaturas extremas?
O organismo humano está naturalmente adaptado a operar em uma faixa de temperatura bastante restrita, geralmente entre 36ºC e 37ºC. Diante de condições térmicas extremas, seja por elevação excessiva ou redução significativa, o corpo pode entrar em um estado de estresse térmico.
A exposição a temperaturas elevadas pode resultar em diversos problemas de saúde, incluindo:
- Exaustão pelo calor — os sintomas incluem fadiga, dores de cabeça, náuseas e vômitos;
- Insolação — é uma condição mais grave que ocorre quando a temperatura corporal atinge 40 ºC ou mais. (Os sintomas incluem confusão mental, convulsões e até coma).; e
- Choque térmico — é uma condição potencialmente fatal que ocorre quando o corpo perde a capacidade de regular sua temperatura. (Sintomas incluem pele fria e pegajosa, pulso rápido e fraco, e perda de consciência).
Indivíduos com maior vulnerabilidade ou aquelas que apresentam comorbidades, idosos, especialmente os fisicamente fragilizados, crianças, profissionais que enfrentam exposição solar, como vendedores ambulantes, e aqueles que consomem medicamentos que os tornam mais propensos ao impacto do calor.
Por exemplo, pacientes em tratamento com diuréticos têm uma tendência a uma maior perda de água, requerendo cuidados adicionais com a hidratação para preservar o equilíbrio necessário.
Riscos do “Domo de Calor” para Santa Catarina
Conforme o meteorologista Piter Scheuer, a onda de calor presente na Argentina exerce influência nas condições meteorológicas do Sul do Brasil.
Scheuer destaca que haverá impacto desse fenômeno, mas ressalta que o calorão não estará diretamente sobre Santa Catarina.
“A ‘fogueira’ está lá na Argentina, mas sentiremos a onda de calor aqui em Santa Catarina”, comenta Piter.
Ele ainda explica que devido a essa intensa massa de calor, o tempo em Santa Catarina será caracterizado pelo predomínio de sol e temperaturas elevadas.
Além disso, destaca haver previsão de temperaturas superando os 40ºC nas regiões do Grande Oeste catarinense.
“Domo de calor” pode proporcionar ingredientes para formação de temporais em Santa Catarina?
Segundo Piter, devido a essa onda de calor, há indícios de ocorrência de temporais isolados no Estado.
Além disso, de acordo com Scheuer, em partes do Vale do Itajaí, Litoral Norte e Planalto Norte, se pode esperar dias mais nublados devido à presença de umidade.