Em setembro de 1973 nascia o Programa Nacional de Imunizações (PNI) que contava, inicialmente, com um calendário básico de apenas quatro vacinas, a BCG, a Vacina Oral contra a Poliomielite (VOP); a vacina DTP (difteria, tétano e coqueluche); e a vacina contra o sarampo. Hoje, 50 anos depois, o PNI é considerado um dos mais bem-sucedidos programas de vacinação do mundo, citado como referência pela Organização Mundial da Saúde, responsável por oferecer gratuitamente a toda população brasileira mais de 20 tipos diferentes de vacinas que ajudam na prevenção, controle e eliminação de diversas doenças.
“A percepção dos benefícios trazidos pela vacinação é bastante clara. A imunização da população, ao longo de todos esses anos, fez com que conseguíssemos erradicar, eliminar e até mesmo controlar doenças como a poliomielite, o sarampo, a rubéola, a caxumba e, até mesmo mais recentemente, a Covid-19. Os resultados são nítidos e podem ser observados na redução do número de casos e mortes registrados em nosso estado”, ressalta a gerente de imunização da Diretoria de Vigilância Epidemiológica (Dive), Arieli Schiessl Fialho.
Santa Catarina, segundo levantamento da Dive, chegou a registrar 118 casos de poliomielite no ano de 1980, com 22 mortes, mas com o avanço da vacinação esses números caíram bruscamente. Nos quatro anos seguintes, nenhum caso ou óbito foi notificado. Em 1985 foram três casos, nenhuma morte, assim como em 1989, último ano em que o estado registrou casos da doença.
Com relação ao sarampo, a situação epidemiológica é parecida. No ano de 1976, antes da introdução da vacina no calendário básico, o estado chegou a registrar 4.429 casos em um ano e 115 mortes. Nos anos seguintes à inserção da vacina esses números foram caindo gradativamente. A partir de 1992, o estado passou a não registrar mais nenhuma morte pela doença. O número de casos foi diminuindo até que voltaram a ter aumento nos anos de 2019 e 2020, quando houve um surto da doença no estado, devido a baixa procura pela vacinação, fenômeno enfrentado nos últimos anos.
Queda nas coberturas vacinais
De acordo com a gerente de imunização da Dive, o estado de Santa Catarina sempre foi referência na vacinação, ficando à frente de diversos estados nas coberturas vacinais e ultrapassando a média nacional. No entanto, nos últimos anos, devido a pandemia do coronavírus, o excesso de fake news e a desinformação, SC tem enfrentado uma queda nas coberturas, deixando a população vulnerável a inúmeras doenças.
Para se ter uma ideia, em 2017 foi a última vez que o estado de Santa Catarina registrou a cobertura adequada, de 95%, para a vacina contra a poliomielite em crianças de até um ano de idade. Depois disso, a cobertura só diminuiu. Em 2018 ficou em 94%; em 2019, caiu para 93%; em 2020, com o início da pandemia, chegou a apenas 88%; e, em 2021, ficou em 83%. No ano de 2022, a cobertura alcançada foi de 86%.
“O desafio da imunização agora é esse, o de conseguir aumentar as coberturas vacinais. No ano de 2022, mantivemos uma estabilidade, estamos sentindo uma melhora agora no ano de 2023, mas ainda não alcançamos o nosso objetivo final que é voltar a bater as metas estabelecidas pelo Ministério da Saúde, que é de 95% para a maior parte das vacinas”, destaca a gerente de imunização.
Campanha de Multivacinação será realizada em outubro
Para voltar a alcançar as metas de vacinação, o estado de Santa Catarina realiza no mês de outubro a Campanha de Multivacinação para atualização da Caderneta de Vacinação de crianças e adolescentes até 14 anos de idade. A ação será entre os dias 14 e 28 de outubro, com o Dia “D”, sábado no qual os postos de saúde ficam abertos para a vacinação, programado para o dia 21 de outubro.
Este ano, tendo em vista a baixa das coberturas, o Ministério da Saúde (MS) propôs algumas alterações no formato da Campanha. Desta vez, a ação terá duração de apenas 15 dias e haverá um planejamento diferenciado para cada município, de acordo com a realidade de cada local.
O diretor da Dive/SC, João Augusto Brancher Fuck, reforça a importância de pais e responsáveis aproveitarem o período de Campanha para levar os filhos para vacinar. “Temos à nossa disposição e de forma gratuita uma grande diversidade de vacinas que podem prevenir mais de 20 doenças. Então, pedimos a colaboração da população nesse movimento de recuperação das coberturas vacinais para que possamos ver nossas crianças crescendo de forma saudável”, finaliza o diretor.
Colaboração: Assessoria de Imprensa / Nucom-Dive