Deputados divergiram sobre a oportunidade de o Supremo Tribunal Federal (STF) julgar o marco temporal das terras indígenas durante a sessão de terça-feira (5) da Assembleia Legislativa.
“Os presidentes do Senado Federal e da Câmara dos Deputados deveriam ter avocado para si a responsabilidade de decidir. Vai mudar os rumos do Brasil caso reste aprovado pelo STF o marco temporal, isso é missão de senador e de deputado federal e por causa da falta de responsabilidade com as suas funções, deixaram nas mãos do STF”, apontou Sargento Lima (PL), que estimou em 33 vezes o tamanho do estado de Santa Catarina, mais de 3 mi de km2, a área que poderia ser reivindicada pelos indígenas.
Carlos Humberto (PL) concordou com Lima e destacou uma possível queda nos investimentos no país por causa da derrota marco temporal, instrumento que vedaria aos indígenas reivindicar terras que não ocupavam quando a Constituição de 1988 foi promulgada.
“Que oportunidade o país perde, a Europa em guerra, os asiáticos desorganizados, era para o Brasil estar se colocando com segurança para o mundo, infelizmente a gente vive sob um governo e poderes que não conseguem entender a vontade da população”, avaliou Humberto.
Marquito (PSol), por outro lado, defendeu o julgamento do marco temporal.
“O marco temporal é uma gambiarra jurídica para desmontar o direito jurídico sobre a terra. Essa tese está questionando a Constituição, mas a Constituição em nenhum momento estabelece que somente será reconhecida terra indígena reconhecida até a data da promulgação da Constituição”, ponderou Marquito.
O deputado garantiu que as três etnias que vivem no território barriga-verde ocupam menos de 1% do território e, no caso de derrota do marco temporal, o percentual não ultrapassará 1,2%.
Altair Silva (PP), em aparte, discordou de Marquito.
“Me permita discordar de Vossa Excelência, o que o STF está fazendo está causando insegurança jurídica”, avaliou Altair, que convidou Marquito para visitar as comunidades de Cunha Porã e Saudades “para ver qual segurança jurídica estão tendo”.
Ivan Naatz (PL) também discordou do representante do PSol.
“É papel fundamental do STF a pacificação da União, as decisões têm de estar alicerçadas não só no jurídico, mas na convivência e na pacificação social”, analisou Naatz, que postulou outros caminhos para reparar danos que “não a extensão de terras”.