Presidente da Acijs e Cejas defende que obras nas BRs 280 e 470 sejam executadas por trechos nos lotes adiantados

O governo federal anunciou um substancial aumento na destinação de recursos para as obras de duplicação nas BRs 280 e 470 em Santa Catarina. Serão R$ 224 milhões extras para a BR-280, trecho entre São Francisco do Sul e Jaraguá do Sul, e R$ 112 milhões a mais para a BR-470, entre Navegantes e Rio do Sul.

A presidente da Associação Empresarial de Jaraguá do Sul (Acijs) e do Centro Empresarial de Jaraguá do Sul Cejas), Ana Clara Franzner Chiodini, destaca que a elevação do volume de recursos para as obras na BR-280 e BR-370 é positivo e traz uma expectativa de que as duas rodovias sejam priorizadas para atender necessidade urgente em termos de melhorias na infraestrutura de transporte no estado. Porém, ela defende urgência na conclusão de trechos nos lotes adiantados.

“É uma notícia que vem ao encontro do que a Acijs e o setor produtivo têm defendido de priorização a um projeto vital para a nossa economia, porque a logística representa um gargalo importante ao desenvolvimento da nossa região e do estado. Santa Catarina ainda carece de uma estrutura melhor em termos de eixos rodoviários para o escoamento da produção das empresas, para a vinda de matéria-prima e para a locomoção dentro do estado de maneira geral”, avalia.

Ela entende que a vinda destes recursos e a expectativa de que estes investimentos sejam intensificados pode assegurar maior agilidade destas obras, mas defende também que os trechos da malha rodoviária estadual sejam melhorados e conectados com as rodovias federais. “Com isto, teremos uma obra completa e a ligação com os eixos logístico não só no estado, mas com outras regiões do país”, observa.

A empresária ressalta ainda, a importância de as obras serem concluídas por trechos, iniciando e finalizando cada trecho, em vez de pulverizar recursos sem um resultado mais efetivo do investimento. “Estamos há alguns anos com as obras de duplicação das duas rodovias, mas sem uma solução mais ágil. É fundamental que os dois projetos sejam concluídos e não sofram interrupção por falta de recursos”, completa.

Evolução das obras

Ela observa, ainda, que na BR-280, o trecho entre o porto de São Francisco do Sul e o cruzamento com a BR-101, tem 26% de execução dos trabalhos previstos, sendo o segmento mais atrasado porque começou mais tarde, em 2018. Os demais dois lotes estão mais adiantados – o trecho entre Guaramirim e Jaraguá tem 56% da obra em execução e, no segmento que integra o contorno entre os dois municípios e construção de túnel, já foram realizados 48% dos trabalhos previstos.

Somados, os três lotes da duplicação da BR-280 precisam de R$ 899 milhões, além de recursos para as desapropriações remanescentes, supervisão e ligação no canal do Linguado

Rodovias são gargalo para logística no estado

Estudo da Confederação Nacional do Transporte (CNT) mostra que apenas 31,8% dos 3.510 quilômetros das rodovias de Santa Catarina são considerados ótimas ou boas. Segundo relatório divulgado pela entidade, 68,2% das rodovias pavimentadas no estado, que foram avaliadas ao longo de 2022, apresentam problemas e foram consideradas como regulares, ruins ou péssimas.

Levando em consideração a situação geral das rodovias por unidades federativas, 5,9% das rodovias de Santa Catarina estão em péssimas condições. Dessa forma, o estado tem a maior porcentagem entre as unidades federativas do Sul do Brasil consideradas péssimas.

A pesquisa da CNT apontou, ainda, que 54,1% da extensão da malha rodoviária da região é considerada regular, ruim ou péssima e 45,9% é classificada como ótima ou boa. Além disso, 6,3% estão sem faixa central e 17,4% sem faixas laterais.

Outros 70% do traçado das rodovias catarinenses também apresentam algum tipo de problema. Entre elas, 84% contam apenas com pistas simples e 54,2% do trecho avaliado não apresenta acostamento. Entre os mais de 3,5 mil quilômetros, a pesquisa identificou 18 pontos críticos.

A CNT aponta, também, que a falta de melhor infraestrutura traz, entre outros efeitos, maior custo operacional do transporte, chegando a 34,7%, o que se reflete na competitividade do Brasil e no preço dos produtos.

Outro estudo, feito pela Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc), mostra que o estado precisa de R$ 18,4 bilhões de investimentos em sua infraestrutura de transporte entre 2023 e 2026 para alcançar um padrão considerado adequado para segurança e eficiência do sistema.

Aumento de 75% no custo do transporte da indústria catarinense

Segundo a Fiesc, o custo do transporte da indústria catarinense passou de R$ 0,04 por real faturado em 2017 para R$ 0,07 por real faturado em 2022. O estudo realizado em parceria com a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), aponta uma elevação de 75% no custo de transporte, ocasionado, principalmente, pela precariedade da malha rodoviária catarinense.