O Conselho Regional de Medicina de Santa Catarina (CRM-SC) emitiu parecer condenando o uso clínico de implantes de gestrinona, frequentemente anunciados como “chips da beleza”. Segundo o documento, assinado pelo Conselheiro Itairan da Silva Terres: “não há, no momento, base científica que justifique o uso clínico de implantes de gestrinona para qualquer indicação, exceto em ambiente de estudos científicos devidamente registrados em Comissão de Ética em Pesquisa, conforme o regramento vigente para a condução de pesquisas clínicas envolvendo seres humanos no Brasil. O uso de medicamento sem registro no País e em apresentação e via de administração não estudada para a indicação proposta afronta as normas sanitárias e éticas vigentes”.
A gestrinona é um medicamento que foi estudado e indicado para o tratamento da endometriose – e por administração via oral. O parecer se baseou na Nota Técnica em que as Câmaras Técnicas de Endocrinologia e Metabologia e de Ginecologia e Obstetrícia do CRM/SC fizeram extensa pesquisa nas bases científicas disponíveis e demonstraram não haver estudos que indiquem eficácia ou segurança do uso desta medicação para fins estéticos, bem como sua aplicação na forma de implantes, como tem sido feito frequentemente.
A análise do CRM-SC foi decidida depois de a autarquia receber número crescente de denúncias de publicidade de implantes hormonais de gestrinona, “Esse procedimento não tem nenhuma indicação aceitável, uma vez que não existem estudos consistentes que assegurem que o tratamento tenha eficácia e havendo sérias preocupações em relação aos seus riscos”, diz Terres. A Anvisa já se posicionou informando que a gestrinona não tem registro ativo no Brasil, assim como os implantes de silástico, podendo a sua divulgação e prescrição configurar crime.
Presidente do CRM-SC, o médico Eduardo Porto Ribeiro diz que é essencial que os pacientes evitem usar produtos não indicados e alerta os médicos sobre a importância de os profissionais seguirem a orientação do parecer técnico para evitar infração ética.
CRM-SC Divulgação