Gil não será mais cidadão florianopolitano. Essa foi a decisão da Câmara de Vereadores de Florianópolis em segunda votação da honraria após uma polêmica em torno do assunto. Na primeira votação, em 1º de dezembro, a homenagem recebeu 13 votos necessários, mas nesta segunda, 7, apenas nove parlamentares apoiaram a proposta.
A homenagem ao cantor foi pedida por Afrânio Boppré, do PSOL, como forma de reparar episódio que o cantor viveu na cidade em 1976, quando foi detido pelo delegado Elói Gonçalves com um cigarro de maconha em um hotel no centro da Capital. Na ocasião, Gil estava na cidade para uma apresentação com os Doces Bárbaros, com Caetano Veloso, Maria Bethania e Gal Costa.
Na época, Gil disse que não sabia que era ilegal fumar maconha. Ele foi detido e ficou 15 dias em uma clínica de recuperação de drogados, onde compôs a canção “Sandra”, em homenagem a Sandra Gadelha, sua mulher na época, mãe de Pedro Gil, Preta Gil e Maria. E só foi liberado a deixar Florianópolis após se comprometer a dar continuidade ao tratamento no Rio.
A honraria concedida ao cantor foi alvo de uma campanha encabeçada pela igreja e que decidiu emparedar os parlamentares que votaram favoráveis à honraria. Criou-se o discurso de que a honraria de cidadão honorário só deveria ser direcionada para pessoas com atuação efetiva na cidade.
O caso envolvendo a prisão de Gil e os dias dele em Florianópolis, destacando personagens icônicos da cidade na época, foi contado pelo jornalista Carlos Damião nas páginas da Manchete, naquele mesmo ano, reportagem reproduzida aqui pelo ND+.
A sessão
Os vereadores Dalmo Menezes (DEM) e Gabrielzinho (Podemos) mudaram o voto e foram contra a homenagem. Guilherme Pereira (PSC), Pedrão (PL) e Marquito (Psol) não estavam na sessão.
A favor da matéria, votaram Afrânio Boppré (PSOL), Dinho (DEM), Edinho Lemos (PSDB), Fabio Braga(PSD), Miltinho Barcelos(DEM), Lino Peres(PT), Renato da Farmácia(PSDB), Katumi (PSD)e Lela (PDT).
Foram contra: Claudinei (Republicanos), Dalmo (DEM), Erádio Gonçalves(PODEMOS), Fabricio Correia (PODEMOS), Gabrielzinho (PODEMOS), João Luiz da Bega (PSC), Maikon Costa (PL) e Rafael Daux(PP).
Na primeira votação, quando a proposta alcançou 13 dos 12 votos necessários, apenas três parlamentares foram contrários: Fabricio Correia (Podemos), João Luiz da Bega (PSC) e Rafael Daux (PP).
Na oportunidade, Maikon Costa (PL), Marcelo da Intendência (Republicanos) e Maria da Graça (DEM) se abstiveram.
Já Celso Sandrini (MDB), Claudinei Marques (Republicanos), Edinho Lemos (PSDB) e Roberto Katumi (PSD) não estavam na sessão.
Os 13 vereadores que votaram pela honraria na primeira votação:
Afrânio Boppré (PSOL)
Damo Menezes (DEM)
Dinho (DEM)
Erádio Gonçalves (Podemos)
Fábio Braga (PSD)
Gabrielzinho (Podemos)
Gui Pereira (PSC)
Marquito (Psol)
Miltinho Barcelos (DEM)
Pedrão (PL)
Lino Peres (PT)
Renato da Farmácia (PSDB)
Vanderlei Farias – Lela (PDT)
Nem Gil nem Marielle Franco
Um dia antes de realizar a primeira votação do projeto em homenagem a Gil, a Câmara de Florianópolis também rejeitou outra personalidade negra. A proposta da vereadora do PT, Carla Ayres, que pretendia homenagear a vereadora do PSOL do Rio de Janeiro, Marielle Franco, assassinada em março de 2018, dando o nome da vereadora ativista a um trecho da Avenida Hercílio Luz, local de mobilização da juventude ativista da cidade, também foi arquivado na Comissão de Constituição e Justiça. O relator do projeto, vereador Dalmo Menezes (DEM), que deu parecer contrário e a matéria acabou arquivada.