A advogada Michelle Guerra, sócia do ex-secretário adjunto de Administração do Estado, Nelson Nappi, relatou que aos procuradores da Operação Alcatraz em delação premiada que Nappi teria entregue uma espécie de mesada para ex-governadores e seus assessores.
Na denúncia oferecida à Justiça, os procuradores narram trecho do depoimento de Michelle, onde são relacionados os nomes de Pinho Moreira (MDB) e Raimundo Colombo (PSD).
Os detalhes estão na segunda denúncia apresentada contra o presidente da Alesc, deputado Julio Garcia (PSD), que aponta suspeitas de corrupção, peculato e fraude em licitação e contrato subsequente. Na primeira denúncia, o deputado e familiares são acusados de lavagem de dinheiro.
Michelle era sócia de Nappi no escritório de advocacia que, segundo relatou aos investigadores, serviria para esquentar dinheiro desviado de contratos públicos e pagos a eles em forma de ‘honorários advocatícios’.
Em uma ocasião, questionado por Michelle sobre o destino dos valores, o ex-secretário afirmou que eram “mesadas” a Raimundo Colombo, Eduardo Pinho Moreira e Júlio Garcia.
Colombo e Pinho Moreira não foram denunciados pelo MPF, no entanto, os procuradores afirmam à Justiça Federal que a Operação Alcatraz ainda está em andamento. “A não imputação de crimes conexos, neste momento, não importa no arquivamento implícito desses crimes em face dos ora denunciados ou de outros indiciados e investigados, que serão objeto de imputação em denúncia específica, conforme o caso, em momento oportuno, com o avançar das investigações”, diz um trecho da denúncia mais recente.
Raimundo Colombo foi governador entre 2011 e 2018, quando renunciou para concorrer, sem sucesso, ao cargo de senador. O então vice, Eduardo Pinho Moreira, assumiu a chefia do Executivo até o fim do ano.
Em nota, o ex-governador Raimundo Colombo disse lamentar “que o Brasil, infelizmente, tenha virado um campo onde a honra, a dignidade e a história das pessoas sejam atingidas de forma irresponsável”.
“Não sei do que se trata, não conheço essa pessoa e nem o processo”, afirmou o ex-governador.
Colombo lembra o que passou em razão de outras delações sem provas e destaca que acabou absolvido em todos os processos. “Tenho mais de 40 anos de vida pública e mereço respeito”.
O ex-governador Pinho Moreira também contestou seu envolvimento na denúncia: “Estou indignado pela forma como o meu nome foi envolvido numa delação premiada sobre um fato do qual não tenho nenhuma responsabilidade, tomando conhecimento unicamente através da Imprensa. Minha vida pública foi construída com trabalho e responsabilidade”.