O fenômeno chamado de “ciclone bomba” ou “bomba meteorológica” que chegou ao Rio Grande do Sul com reflexos nos outros estados do Sul e Sudeste deixou estragos por diversas regiões de SC. As rajadas de vento chegaram 110Km/h, em algumas regiões. e mais de 600 mil unidades consumidoras ficaram sem energia elétrica. As ocorrências começaram a ser registradas no início da tarde, no oeste catarinense, e foram avançando para o litoral. Os temporais foram registrados em todas as regiões do estado e provocaram três mortes, segundo levantamento do Corpo de Bombeiros Militar de SC até as 18h.
Uma idosa de 78 anos faleceu em Chapecó atingida por uma árvore. Um homem, em Santo Amaro da Imperatriz, foi atingido por fios de alta tensão. Em Tijucas a Força-Tarefa 13 foi acionada para uma ocorrência de Busca e Resgate em Estrutura Colapsada (BREC), com registro de um óbito, além de uma pessoa que segue desaparecida.
Em Florianópolis dois carros foram atingidos árvores e diversos bairros estão sem energia elétrica desde as 16h. Em Biguaçu, também na Grande Florianópolis, toda a estrutura de triagem para pacientes do coronavírus foi destruída, e a estrutura de um supermercado desabou.
Em Lages, na região serrana, a marquise de um prédio desabou sobre um veículo. Em Tubarão, a queda de árvores na rede elétrica provocou incêndio em uma residência. Em Balneário Camboriú, o vendaval foi filmado dos arranha-céus.
As BR-101, BR-282 e BR-470 foram interditadas e mais de um ponto por queda de árvores e postes.
O ciclone foi alertado pela Marinha, que comunicou ressaca com ondas de três e quatro metros no litoral gaúcho e catarinense. O evento está sendo acompanhado pela empresa de metrologia Metsul, que está emitindo alertas e informações no twitter.
Segundo a MetSul, o “ciclone bomba” que está passando pelo sul do país ocorre quando a pressão atmosférica no centro do ciclone de forma muito rápida. A meteorologista Estael Sias, da Metisul, diz que “quanto mais baixa a pressão atmosférica numa determinada área, mais tem elevação de ar e nuvens carregadas.” O fenômeno acontece, geralmente, associado a contraste de temperatura. Há poucos dias, houve calor histórico e agora há incursão de potente massa de ar polar, ressalta Estael.
O fenômeno é comum é comum no inverno do Norte da Europa e no Nordeste dos Estados Unidos, onde recebe o nome de Nor’Easter. No Atlântico Sul é mais comum em latitudes mais ao Sul de onde está ocorrendo agora, mais frequente a sudeste do Rio da Prata, na costa da Argentina, ou no cinturão de baixas da Antártida. São estes ciclones que “sugam” ar muito frio e trazem queda de temperatura. Isso explica a previsão para temperaturas negativas nas regiões mais altas das serras gaúcha e catarinense.
A meteorologista alerta que nesta quarta-feira, 1º, o ciclone vai avançar pela faixa leste de todo o sul do Brasil se estendendo até o litoral paulista. Os riscos são vento forte e intensa sensação de frio.
As equipes do Governo do Estado, em especial o Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina (CBMSC) e a Defesa Civil (DC), atendem a população afetada pelos fortes ventos e chuvas.
O governador lamentou as mortes e prestou solidariedade às famílias e amigos das vítimas. Carlos Moisés acompanha pessoalmente o desenvolvimento das ações das equipes do Estado que prestam atendimento aos municípios atingidos. “O Governo do Estado não medirá esforços para auxiliar os catarinenses neste momento de dificuldade. Nossa missão é reduzir o sofrimento das pessoas”, afirma. O chefe do Executivo estadual lembrou a rápida resposta do Governo em eventos recentes, como o tornado no Extremo Oeste.
De acordo com as Coordenadorias Regionais da Defesa Civil (COREDEC), levantamento na tarde desta terça-feira indicava 25 municípios atingidos no Estado. O trabalho neste momento para reestabelecer os serviços e avaliar a extensão dos danos. Conforme a Defesa Civil, os ventos chegaram a 120km/hora no Morro da Igreja, na Serra, e 11km/hora em Tangará, no Meio-Oeste catarinense, de acordo com boletim das 15h.
Desde o início da tarde, todos os batalhões do CBMSC foram acionados. Uma das regiões mais atingidas foi o Oeste e os principais registros recebidos pela corporação foram queda de árvore e destelhamento.
Por volta das 16h45min, quase metade das unidades consumidoras da Celesc estavam sem energia elétrica. Equipes da estatal trabalhavam para retomar o serviço.
Confira abaixo o levantamento da situação por região atualizado às 17h30min.
Situação por Batalhão de Bombeiros Militar:
1º BBM – sede Florianópolis
Queda de árvore em via pública no Estreito, no Morro da Lagoa. Poste caído sobre veículo no Rio Tavares. Árvore caída sobre veículo próximo ao Horto Florestal, com danos na rede elétrica. Árvore caída sobre a via no Pantanal.
2º BBM – sede em Curitibanos
Na área do 2º BBM, em Curitibanos, houve um temporal, por volta das 15h e as equipes do CBMSC já distribuíram lonas para pelo menos 55 famílias que foram ao quartel retirar. Todas as cidades foram atingidas, até o momento sem vítimas.
3º BBM – sede em Blumenau
Blumenau teve destelhamentos, queda de árvores. Brusque teve ventos fortes, com queda de árvores, destelhamentos e vidros quebrados. Guabiruba com queda de árvores.
4º BBM – sede em Criciúma
Diversas ocorrências envolvendo vendavais na região, queda de poste de TV na subida do morro Mina Brasil, queda de postes de energia. Queda de árvore também em Siderópolis.
5º BBM – sede em Lages
Equipes em atendimento a diversas ocorrências relacionadas a quedas de árvore e outras resultantes do temporal.
6º BBM – sede em Chapecó
O 6º BBM, com sede em Chapecó, também possui registros, inclusive um óbito, de uma idosa de 78 anos, por conta de uma árvore que caiu na residência. Diversas cidades afetadas, com destelhamento e quedas de árvores.
7º BBM – sede em Itajaí
Queda de árvores, destelhamentos, sem vítimas.
8º BBM – sede em Tubarão
Chuvas e fortes ventos atingiram a região a partir das 15h35min. Foram registradas seis ocorrências: um incêndio em residência, cinco quedas de árvores sobre rede elétrica, veículos, vias e residência. Municípios atingidos: Tubarão, São Ludgero, Braço do Norte e Imbituba.
9º BBM – sede em Canoinhas
No 9º BBM, as cidades de Porto União, Canoinhas, Major Vieira, Mafra e Papanduva atenderam uma série de ocorrências de queda de árvore e destelhamento. A região registrou vento forte com chuva e granizo, boa parte dos municípios está sem energia elétrica.
10º BBM – sede em São José
Ventos fortes em toda a região. Falta de luz e queda de arvores em toda a área. Em Governador Celso Ramos, uma árvore de grande porte bloqueia o acesso via Armação. Em Santo Amaro da Imperatriz tivemos um óbito de um homem, por conta de uma árvore de grande porte que caiu sobre rede de alta tensão, com isso, a fiação atingiu pedestre. Em Palhoça, queda de árvore sobre a via, na Guarda do Cubatão. Atingiu rede de alta tensão.
11º BBM – sede em Joaçaba
Ocorrências distribuídas em todas as cidades. Situação sendo normalizada.
12º BBM – sede em São Miguel do Oeste
Na região de São Miguel do Oeste, a situação está mais controlada, os principais atendimentos já foram realizados, restabelecendo a normalidade. Situação mais grave no município de Mondaí, com mais casos. Sem reporte de vítimas.
13º BBM – sede em Balneário Camboriú
Balneário Camboriú, São João Batista e Tijucas registraram ventos fortes e destelhamentos.
14º BBM – sede em Xanxerê
A equipe de Força-Tarefa do 14º Batalhão de Bombeiros Militar (BBM), com sede em Xanxerê, foi acionada no início da tarde, no município, principalmente por conta das árvores derrubadas em rodovias e em casas.
15 BBM – sede em Rio do Sul
Ocorrências de destelhamentos e quedas de árvores sobre residências e ruas. Situação mais grave no município de Rio do Sul, com mais ocorrências. Apenas uma ocorrência com vítima, lesão leve (criança atingida por vidros após queda de árvore).
Comunicação
Os fortes ventos dificultam também a comunicação, já que muitas cidades estão sem sinal de telefone e internet ou sem luz. Por isso, é solicitado que a população se mantenha em local seguro e protegido, mantenha a calma e tente acionar o CBMSC pelo telefone 193.