Os produtores de leite foram impactados por diversos fatores em 2020, como a estiagem prolongada, a pandemia do novo coronavírus e o aumento do dólar. Por isso, os deputados da Comissão de Agricultura e Política Rural da Assembleia Legislativa do Estado (Alesc) se reuniram com representantes do setor e com o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (FAESC), José Zeferino Pedrozo. O encontro virtual ocorreu na terça-feira, 9, para discutir medidas de apoio ao setor.
Santa Catarina produz quase 4 bilhões de litros de leite por ano, o 4° maior produtor do país, com 11% da demanda nacional. No entanto, o setor vem perdendo produtores devido ao encarecimento da produção e à falta de reposição nos valores pagos.
A estiagem agravou a situação, reduzindo 44 milhões de litros até maio, por conta da falta de pastagens. Eles também foram impedidos de substituir o pasto por ração, pois os preços do milho e do farelo de soja também subiram.
O resultado, segundo dados da FAESC, foi uma queda de 2 milhões de litros de leite por dia, dos 8 milhões produzidos da produção diária em Santa Catarina. O presidente da entidade, Enori Barbieri, destacou que, apesar do mercado ser o grande regulador do preço, há espaço para avanços no setor. Para ele é importante que as indústrias conheçam os custos do produtor de leite e estejam dispostas a debater a reposição dos valores.
Encaminhamentos para ajudar produtores de leite
A reunião foi proposta pelo deputado Moacir Sopelsa e conduzida pelo presidente da Comissão de Agricultura na Alesc, deputado José Milton Sheffer. O encontro estabeleceu algumas ações de apoio aos produtores catarinenses, como a prorrogação dos financiamentos, com a repactuação do crédito e taxas de juros, e a criação de incentivos públicos aos produtores.
Também foi discutido o aperfeiçoamento da política de integração entre produtores e indústrias e a revisão do sistema tributário catarinense, cujo ICMS é mais oneroso em relação aos demais estados.
O presidente da FAESC também destacou o pedido dos produtores de leite para que as indústrias antecipem até o dia 15, todo mês, a informação sobre o valor que será pago pelo litro do leite. Outro pedido é para que as empresas não atrasem o pagamento mensal, situação relatada à FAESC pelos produtores.
Mesmo no atual cenário, o objetivo do presidente da FAESC para o futuro é ousado: “precisamos pensar grande para atingirmos o mesmo patamar da produção de aves e suínos em Santa Catarina”, disse Pedroso. Segundo estudos da Epagri, aves e suínos lideram exportações do agronegócio em Santa Catarina.
As entidades, a seguir, também participaram da videoconferência para ajudar produtores de leite:
Sindicato das Indústrias de Laticínios e Produtos Derivados (Sindileite);
Organização das Cooperativas do Estado de Santa Catarina (OCESC);
Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado (FECOAGRO);
Associação dos Produtores de Leite do Extremo Oeste;
Associação Catarinense de Criadores de Bovinos (ACCB);
Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Santa Catarina (Fetaesc);
Secretaria de Estado da Agricultura;
Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (Cidasc);
Banco do Brasil;
Aliança Láctea Sul Brasileira.
Por Nícolas Horácio