O epidemiologista Pedro Hallal, da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), disse que uma pesquisa realizada em 133 cidades brasileiras traçar um panorama sobre a parcela da população que já foi infectada pelo novo coronavírus será apresentada esta semana à sociedade. O anúncio foi feito na última terça-feira, 19, em videoconferência promovida pelas unidades do Ministério Público Federal na região Sul.
Hallal coordena a Epicovid19, uma pesquisa que mostra a evolução do novo coronavírus no país. A afirmação foi feita aos procuradores da República no debate “Impactos da covid-19 no sul do país – Atuação do MPF”.
Segundo Hallal, praticamente todos os problemas que envolveram pesquisadores do projeto foram resolvidos e, em determinados locais, houve truculência policial contra os pesquisadores.
Pesquisadores recebidos com agressões
A pesquisa foi recebida de diferentes formas nos municípios. De acordo com Hallal, o projeto foi bem recebido em aproximadamente 80 localidades. Em outras 30 localidades, a população apresentou barreiras, porém, tudo foi superado.
Houve ainda um terceiro grupo de municípios, onde as equipes da pesquisa foram tratadas com truculência, inclusive com uso da força policial.
Apesar dos contratempos, Hallal garantiu que a primeira fase do levantamento acabaria na quinta-feira, 21. Depois disso, vem para revelar a realidade do novo coronavírus no Brasil.
A pesquisa Epicovid-19 foi desenvolvida pelo Centro de Pesquisas Epidemiológicas da UFPel, com apoio do Ministério da Saúde. O resultado formará um banco de dados com acesso aberto ao público.
Segundo o epidemiologista, a situação do Brasil na pandemia é bem melhor que a dos países europeus, no entanto, é pior que países da Ásia.
Ele também disse que o Sistema Único de Saúde (SUS) tem “dado conta do recado”, com respostas adequadas à pandemia.
Para ele, o país aderiu ao isolamento social no momento certo e o SUS é um sistema altamente eficaz. Por outro lado, Hallal apontou que falta uma política efetiva de testes para população e que é possível um efeito rebote nas regiões onde isolamento social foi flexibilizado e as atividades retomadas.
Como o MPF pode ajudar
No debate, mediado pela jornalista Ângela Bastos, da NSC, também sugiram possíveis ações do MPF para contribuir com a manutenção de uma curva decrescente na contaminação dos brasileiros.
Os procuradores que representaram o MPF defenderam a ação efetiva do Poder Público em defesa da população no curto e no longo prazo. A preocupação é para além da pandemia e os procuradores lembraram, também, do trabalho desempenhado antes do novo coronavírus, como a contratação de profissionais para as vagas deixadas pelo programa Mais Médicos – que não tinham sido preenchidas pelo Ministério da Saúde.