Pequeno e médio: O “novo normal” vai exigir mudanças

Entrevista
Carlos Henrique Ramos Fonseca

Nas últimas semanas desde o a chegada dos impactos da nova pandemia do coronavírus muitos empresários, no desespero natural, deram início a demissões, cortaram gastos e até fecharam as portas. As medidas anunciadas pelos demorou em apresentar efeito e até em conquistar confiança.
Ao lado do pequeno e médio empresário, o Sebrae não tem medido esforços em atender, com todos os canais que tem e pode no momento, aquele empresário que precisa rever o fluxo de caixa, pensar novos métodos de marketing e até, porque não, pensar em mudar o nicho de mercado do seu negócio.
Na entrevista desta semana, o superintendente do órgão sem Santa Catarina, Carlos Henrique Ramos Fonseca, fala um pouco da retomada gradual dos negócios e das ferramentas e auxílios que os empresários podem contar neste momento.

“Realmente as empresas vão ter que se reposicionar no mercado e rever suas estratégias internas”.

[Pelo Estado] – Como o Sebrae está atuando neste momento?
Carlos Henrique Fonseca-
Estamos nesse momento muito mais como bombeiro, apagando incêndio, procurando ajudar nesse momento de dificuldade o empresário, entendendo as suas necessidades e preparar para a retomada. Desde o primeiro momento nós criamos a nível de web uma página especial para o coronavírus, com uma série de informações para os empresários, com conteúdos relevantes, atendimento remoto, cursos, webnars diários, procurando sempre tentando atender aquilo que o empresário precisa.
Tentamos esclarecer as medidas adotadas pelo governos, as relações de trabalho, tudo preparado para o empresário poder se informar o mais rápido possível.
Infelizmente essas medidas sempre têm um hiato para chegar até a ponta, como é o caso da MP da relação de trabalho, que foi muito boa, mas demorou e tivemos aquelas demissões que a gente não gostaria que tivessem. Agora, os empresários já estão fazendo a redução da jornada de trabalho, suspensão de contrato, férias. Esperamos que a partir das próximas semanas se estabilize um pouco e não tenhamos esse crescimento de desempregos que vimos nas quatro primeiras semanas da pandemia.

[PE] – O desemprego tem sido um dos focos. Qual é a expectativa para os novos números?
Carlos Henrique Fonseca – Nós tivemos aquele crescimento. Estamos fazendo as análises a cada duas semanas. Na primeira tivemos 19% das empresas que demitiram, o que deu 148 mil demissões. Na segunda já tivemos um crescimento para 34,45%, com 242 mil demissões. Isso só pesquisando a pequena e microempresa.
Nós pesquisamos em paralelo quais medidas estão sendo implantadas e muita coisa que está sendo posta em pratica tende a dar uma mitigada nas demissões nas próximas semanas.
Obviamente que temos que analisar isso setorialmente. E claro, alguns vão sofrer mais a logo e médio prazo, outros terão uma recuperação mais rápida. Turismo, eventos, a economia criativa como filmes, teatros e apresentações com aglomeração de público enfrentarão um pouco mais de dificuldade. Nós sabemos que a normalidade daqui para frente será outra.

[PE] – E como ficou a situação após essas discordâncias?
Carlos Henrique Fonseca – Nós preparamos uma equipe do Sebrae e estamos fazendo consultoria online, atendimento no whatsapp, no 0800, ou seja, para ajudar as empresas nesse momento de dificuldade a fazer gestão de caixas e atender outras demandas. Porque nesse momento de crise o mais importante para as pequenas empresas é o capital de giro. Nós sabemos que o pequeno empresário trabalha com um capital de no máximo 30 dias. Como essa crise se estendeu as empresas estão encontrando dificuldades para cumprir seus compromissos.
Nós estamos tentando ajudar ao máximo com linha de créditos, o Sebrae tem sido parceiro do BRDE em analisar e elaborar projetos de captação de recursos para empresas. Já fizemos mais de R$ 42 milhões de analises de crédito para submeter ao BRDE, ampliamos o fundo do Sebrae a nível nacional em R$ 500 milhões, o que alavanca em até 12 vezes a concessão de crédito e garante o aval para concessão de crédito. Um aval como esse é fundamental. Nós sabemos que em um momento como esse a demanda é muito grande e os recursos nunca serão suficientes. Tem muita gente que está com dificuldades de acessar o crédito.
[PE] – Como o Sebrae funciona neste momento?
Carlos Henrique Fonseca A partir do dia 22 vamos reabrir nossas agências para atender o público mediante agendamento, atendendo a todos os protocolos sanitários. E sobre retomada nós estamos trabalhando alinhados ao SebraeTec, que é um instrumento que temos para consultorias específicas. Neste momento as demandas são muito mais voltadas na redução de custos,  na revisão de processos, melhoria de produtos, identificar novos nichos de comércio, principalmente na área de TI, que são os e-comerce. Quem se preparou para a transformação digital tem sentido menos essa crise.
Estamos com várias frentes nesse sentido de ajudar na retomada. Estamos com grande programa de internacionalização com a Fiesc, que vai ajudar muito na qualidade e competitividade para as empresas. Nesse sentido que estamos buscando cada vez mais a agenda da competitividade.

[PE] – O novo normal é também se reinventar?
Carlos Henrique Fonseca
O cenário está mudando, com a abertura gradual definida pelo Estado, muitos setores que estavam sem faturamento começam a ter alguma receita. Sabemos que os pequenos sempre enfrentam mais dificuldades para negociar, eles não têm poder de barganha, mas temos que entender também que existe muita interdependência do grade produtor com o pequeno, do médio com o grande, todos precisam de todos.
Realmente as empresas vão ter que se reposicionar no mercado e rever suas estratégias internas. Nas consultorias online muitos atendimentos já pedem, além da restruturação de fluxo de caixa e de processos, estratégias mercadológicas para ampliar suas vendas e procurar novos nichos mercadológicos.
O Sebrae vai estar do lado desse empresário para ajudar a enfrentar esse momento tão delicado.

Jornalistas
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