O Brasil vive um novo capítulo da sua histórica a cada dia. O pronunciamento em cadeia nacional do presidente Bolsonaro parece ter jogado por terra a até então aparente intenção do Planalto se aproximar de governadores e prefeitos na construção de uma saída para a crise imposta pelo coronavírus. Um dia antes o presidente anunciou um pacotão de R$ 88 bilhões para os estados, a harmonia parecia ter encontrado os eixos, mas a corda voltou a esticar. O presidente criticou as medidas de isolamento, classificando os atos como sendo de um cenário de “terra arrasada”, e cobrou que crianças voltem às aulas. Foi o suficiente para uma reação em cadeia. Senadores, deputados, governadores e entidades de classe emitiram notas. A tese do presidente é simples de ser entendida, ele aposta que afrouxar o isolamento salvaria a economia. Mas o problema é que tal medida não encontra guarida no que indicam especialistas, principalmente a classe médica, e também não tem precedente entre os demais países que foram afetados pela pandemia. Após o pronunciamento, o governador de Santa Catarina, Carlos Moisés (PSL), voltou a reforçar que o isolamento pode amenizar a disseminação da doença, e pediu que as pessoas fiquem em casa. Gesto igual foi repetido a exaustão por demais governadores. A Comissão de Saúde da Alesc também emitiu nota recomendando as medidas de prevenção das autoridades sanitárias. Durante encontro com chefes do Executivo do Sudeste, Bolsonaro e João Dória (PSDB) trocaram acusações. Doria disse que o presidente deveria “dar exemplo ao País, e não dividir a nação em tempos de pandemia”. O presidente retrucou: “Se você não atrapalhar, o Brasil vai decolar e conseguir sair da crise. Saia do palanque”. O que até então se desenhava como a pior crise sanitária do século, agora também virou disputa política. Enquanto isso, o setor produtivo aguarda a saída menos traumática para a crise. Já o povo, que a pandemia contabilize o menor número de vítimas. Todos queremos que a vida volte ao normal, só falta acertar qual será o custos disso.
Empréstimo
A Alesc, em sessão virtual, aprovou autorização para que o governo do Estado busque novo empréstimo para a quitação de dívida contratada junto ao Bank of America em 2012. Foi a primeira votação importante do governador Moisés (PSL) sob a liderança da deputada Paulinha (PDT). Com a aprovação, o Estado fica autorizado a contrair empréstimo de US$ 344,7 milhões (R$ 1,7 bilhão), com o Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD).
“Precisamos estar preparados e tomar medidas agora, para que quando a crise da saúde passar não se instale o caos social e tenhamos condições de superar os impactos econômicos”. Mario Cezar de Aguiar, presidente da Fiesc.
Efeito quarentena Os isolamento social em SC já tem reflexos na Segurança Pública. Dados da PM apontam para uma diminuição de crimes mais leves, como roubo e furto. Segundo o comandante Araújo Gomes, essa redução era esperada, até por conta do fechamento de grande parte do comércio. Por outro lado, os crimes letais, como homicídios, tiveram uma leve alta, mas que segundo a PM não têm relação direta com o isolamento. A preocupação, agora, se volta para a violência doméstica, disse Gomes, antecipando que a PM estará atenta para atender e prevenir esses tipos de casos.
Lucidez e responsabilidade A Federação Catarinense de Municípios (Fecam) reagiu ao pronunciamento do presidente Bolsonaro . Para a entidade, a fala foi inadequada, gerando conflitos político-institucionais, riscos à população, falta de unidade institucional e prejuízo às estratégias para enfrentar a pandemia. A entidade seguirá a orientação das autoridades sanitárias em relação ao isolamento social.
Carminatti Vs Coronavírus A deputada Luciane Carminatti (PT) apresentou quatro Projetos de lei, duas moções e uma emenda para votação na Alesc para amenizar os prejuízos sociais causados pelo coronavírus no estado. Entre as proposições da petista está uma alteração na lei estadual para proibir a dispensa de ACTs durante o estado de calamidade. Outro PL institui um auxílio mensal de R$ 350, por até 6 meses, a partir de 6 de abril aos trabalhadores informais.
Outras medidas de Carminatti Carminatti também apresentou um PL para pagamento de 50% do salário mínimo regional, até outubro, para empreendedores da economia solidária popular e produtores artesanais mais pobres.
Jornalistas
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