Outubro é o Mês do Médico, com o Dia do Médico sendo comemorado em 18 de outubro. E o Sindicato dos Médicos de Santa Catarina (Simesc) está aproveitando a deixa para alertar os profissionais para o cuidado com a sua saúde e a de seus colegas. Spots de rádio e divulgação em ambientes digitais chamam a atenção para que o profissional abra as portas do consultório para que seu colega coloque a saúde em dia.
“Infelizmente não paramos para refletir que o nosso bem-estar está relacionado diretamente com a qualidade do nosso trabalho e na relação com os pacientes. Não observamos que precisamos incentivar nossos colegas a também se cuidarem. Assim como qualquer cidadão, devemos estar em dia com nossos exames e manter hábitos de vida saudável, da forma exata com que recomendamos a nossos pacientes”, declara o diretor de Comunicação e Imprensa do Simesc, Mahmud Khalil Mahmud A. H. Zardeh.
Riscos da negligência
A negligência do médico com a sua própria saúde é uma realidade e vai além dos problemas físicos. A Síndrome de Burnout e a depressão são muito comuns na categoria. De acordo com o Conselho Federal de Medicina (CFM), pesquisas apontam que mais de 45% dos médicos relatam sintomas de esgotamento profissional em algum momento de suas carreiras.
Alguns fatores que desencadeiam os problemas
- longas jornadas de trabalho
- noites mal dormidas
- envolvimento com doenças graves
- tristeza de familiares e pacientes
- proximidade constante com a morte
- más condições de trabalho
- pressão do exercício profissional
Os desdobramentos podem ser irreversíveis. Estudos internacionais apresentam que os médicos têm uma frequência 2,45 vezes maior em tirar a própria vida que o restante da população.
“Depois que é colado o grau, nós, médicos, entramos na rotina de dedicação intensa ao trabalho e estudos e, muitas vezes, esquecemos de nos cuidar. Neste Mês dos Médicos, vamos fazer diferente. Com a união e o incentivo, certamente os resultados serão mais produtivos”, conclui Khalil.
Especialidades mais afetadas
De acordo com a mais recente pesquisa do Medscape, 44% dos médicos entrevistados reportaram sofrer de burnout, 11% se definiram como “deprimidos” e 4% receberam o diagnóstico de depressão.
As especialidades que apresentam o maior número de médicos com esgotamento profissional foram:
- Urologia (54%)
- Neurologia (53%)
- Medicina Física e Reabilitação (52%)
- Medicina Interna (49%)
- Medicina de Emergência (48%)
- Medicina de Família (48%)
- Endocrinologia (47%)
- Infectologia (46%)
- Cirurgia Geral (46%)
- Gastroenterologia (45%)
Entre homens e mulheres, as taxas de burnout foram maiores entre profissionais do sexo feminino.
Fatores que contribuem para o burnout
Os participantes da pesquisa citaram os principais motivos que os levaram a se estressar e se desmotivar no trabalho. Entre eles estão o excesso de burocracia (paperwork), passar muitas horas no trabalho e aumento da “computadorização” da prática (ex: uso de prontuário eletrônico).
Pensamentos suicidas
A pesquisa mostrou também que o número de médicos que têm pensamentos suicidas aumentou no último ano. No total, 14% reconheceram pensar em suicídio, mas apenas 1% alegou ter tentado se suicidar.
Quando questionados sobre buscar ajuda para tratar o esgotamento profissional, apenas 13% dos entrevistados revelaram estar em tratamento. Mais da metade dos médicos (64%) nunca procurou ajuda profissional. Entre os motivos para isso, estão “não achar que os sintomas são graves o suficiente” e “achar que pode resolver sozinho o problema”.
Perfil dos entrevistados
No total, 15 mil médicos foram entrevistados; entre eles, 62% eram do sexo masculino. As idades variaram entre 28 a 70 anos.
(Da Assessoria, editada)