Nesta terça, as primeiras reuniões do novo MDB-SC
Trecho do discurso de Celso Maldaner: “Queremos fortalecer o MDB e promover as renovações que a sociedade mostrou que são necessárias. E foi com o objetivo de resgatar esse debate, de trabalhar em cada canto de Santa Catarina, de fazer uma gestão com transparência para todos os filiados que coloquei o meu nome para a missão partidária mais importante de todas: a presidência do partido. Com a força das bases faremos um grande trabalho, rompendo com modelos que não se mostram mais eficientes para a missão que é fazer política, praticá-la e encará-la como um instrumento de transformação. Obrigado à todos os apoios, mensagens e abraços que recebi. Vamos trabalhar unidos, somando forças e mostrando que o MDB faz toda diferença nos nossos municípios e em Santa Catarina” | Foto: Da Assessoria

 

Passadas as comemorações e os primeiros ajustes, hoje começa efetivamente o trabalho como presidente do MDB catarinense para o deputado federal Celso Maldaner. Eleito na disputa contra o senador Dário Berger em convenção realizada no sábado (1º), ele estará nesta terça-feira na Assembleia Legislativa para o almoço com a bancada estadual. À noite terá outro encontro, desta vez com os deputados federais. Tudo para respeitar o prazo de sexta-feira (7) para a composição da Executiva estadual, formada por 15 nomes. Feito isso, vem a posse oficial. O desejo do novo presidente do MDB é que Dário Berger esteja com ele como primeiro vice-presidente.

Durante a convenção, Maldaner insistiu no mesmo discurso que fez em sua jornada pelo estado em campanha para comandar a legenda:

 

“As bases do partido querem o MDB que faz política olhando olho no olho, da militância, que quer ser valorizada”. O esforço é para diferenciar cada vez mais o MDB-SC do MDB nacional, “onde a cúpula decide e a militância nunca foi ouvida. Deu no que deu”.

 

 

Eleições 2020

 

Os planos de Maldaner para o MDB estadual têm como foco as eleições municipais de 2020. Por isso, uma meta, que reconhece “arrojada”, é aumentar em pelo menos 5 mil o número atual de filiados (próximo de 200 mil) até o final de seu mandato de dois anos. Com isso, pretende pelo menos manter, o número de prefeitos, 101, e de vereadores, 847. Além de preparar o caminho para preservar o status de maior bancada estadual do Brasil e a segunda maior bancada federal.

Na entrevista que concedeu ao SCPortais enquanto fazia o caminho de Maravilha para Chapecó a fim de pegar o voo para Florianópolis, o deputado federal mostrou enorme disposição em trabalhar. Aliás, sua eleição já foi resultado de muito trabalho, uma vez que desde março cruzou Santa Catarina em reuniões com as regionais da legenda e as lideranças.

Mas, para ele, muito mais do que a presidência tem nas mãos a oportunidade de agradecer.

 

“Coloquei minha vontade de ser presidente para retribuir em gratidão o que eu devo ao MDB, partido que me deu a oportunidade de ser prefeito por três vezes, três anos como secretário regional e de estar cumprindo o quarto mandato como deputado federal. Vou retribuir com muito trabalho tudo o que eu devo ao partido, valorizando a militância, as bases”, enumerou.

 

 

De olho na nacional

 

Tudo isso é pano de fundo para uma transformação pretendida há muito tempo pelo MDB catarinense: mudar a direção nacional do partido e tirar de lá nomes que, segundo o próprio Celso Maldaner, mancharam a história do partido. “O MDB só vai se reconstituir derrubando a cúpula lá em Brasília, em setembro, na convenção nacional. Esse é o grande objetivo.”

Inclusive, o estatuto do partido está passando por uma revisão profunda, para vigorar a partir de agosto. E uma das principais mudanças é que chefes de Executivo possam compor as executivas, ou seja, prefeitos catarinenses poderiam compor a Executiva estadual.

 

“Nossa estrela”

A derrota sofrida por Dário Berger não foi do tipo esmagadora. Em um universo de 71 votantes, Celso Maldaner obteve 39 votos do Diretório, enquanto Berger ficou com 31 e ainda houve um em branco. Por isso mesmo, o novo presidente dos emedebistas de Santa Catarina é absolutamente respeitoso ao se referir a seu oponente. Afirma que o senador é a “estrela” e a “maior autoridade” do partido hoje. E defende que, ao elegê-lo, os emedebistas não rejeitaram Berger.

 

“Não tem vencidos, nem vencedores. O partido não o rejeitou. O partido o vê como candidato a governador em 2022. E a meta agora não é governo do Estado, mas eleições municipais”, disse, dando pista inequívoca de que Dário Berger pode ser o novo presidente dos emebebistas a partir de 2021.

 

 

Gato escaldado…

 

No dia 6 de julho, todas as lideranças estaduais do MDB-SC estarão reunidas em Curitibanos com os 101 prefeitos. O objetivo é recriar a Associação dos Prefeitos do MDB-SC e aquecer a troca de experiências entre as administrações municipais da legenda.

Não é à toa. Escaldados com as eleições gerais de 2018, os partidos de uma maneira geral estão se preparando para enfrentar, e quem sabe conter, o tsunami PSL nas eleições municipais.

A estratégia do MDB, além de reorganizar e reaquecer as bases, é valorizar a história do partido e mostrar as diferenças em relação à cúpula nacional. Aliás, Maldaner aposta na mudança no comando nacional do partido como principal ingrediente para atrair novos filiados e também novos líderes.

 

Esperança na nacional

 

O nome da esperança dos emedebistas que são oposição à atual direção do MDB nacional é Simone Nassar Tebet, advogada, professora e senadora pelo Mato Grosso do Sul. Neste ponto não há qualquer discordância por aqui. Durante a convenção de sábado, Maldaner e Berger manifestaram apoio a Simone para assumir a presidência da Executiva nacional do partido. O único “porém” é que ela pode vir a ocupar a primeira vice-presidência, desde que o histórico Pedro Simon (MDB-RS) seja o presidente. A partir daí, Celso Maldaner soltou o verbo. Leia:

 

“Esse é o novo time que deve comandar o MDB a partir de setembro. O time do Ulysses Guimarães, com outra postura! É como disse o Casildo (Maldaner, irmão de Celso): nós vamos varrer os vendilhões do templo em Brasília! Vamos fazer uma limpa por lá em setembro! Por bem ou por mal! É a primeira vez que vamos disputar o diretório nacional para mudar aquela coisa em Brasília!”

 

 

“Preço alto”

 

“Aquela coisa em Brasília” foi, na opinião de Celso Maldaner, a grande responsável pela derrota do MDB-SC nas urnas em 2018. Com Mauro Mariani, ex-deputado federal e agora ex-presidente do partido no estado, o MDB amargou um humilhante terceiro lugar e não chegou sequer ao segundo turno, mesmo tendo o governo naquele momento, com Eduardo Moreira.

“Nós pagamos um preço muito alto!”, aponta Maldaner ao dizer que foi bom para Dário Berger não ter disputado o governo naquele momento e com aquele cenário, de frequentes notícias negativas do MDB na imprensa nacional.

 

“Agora vamos estar todos unidos. É um novo MDB, mas que vem com a garra daquele que enfrentou a ditadura, 21 anos de luta no regime militar. Nossos líderes em Santa Catarina vão mostrar para a juventude que este é o MDB que merece ser considerado”, completou Maldaner.

 

(Por Andréa Leonora | Fotos: Da Assessoria de Celso Maldaner)