PSDB catarinense tenta se refazer da saída de Napoleão Bernardes

19/02/2019 – Em conversa com um grupo de jornalistas de Florianópolis, o deputado Marcos Vieira, presidente do PSDB catarinense, lamentou a desfiliação de Napoleão Bernardes, ex-prefeito de Blumenau. Ele admitiu ter ficado surpreso com a decisão, informada pelo diretório municipal do partido tão logo concluída a reunião em que Bernardes alegou querer se dedicar mais a vida pessoal e profissional. Na carta escrita de próprio punho, também afirmou que ficará sem filiação partidária por um tempo.

O ex-prefeito de Blumenau, que nas últimas eleições disputou o cargo de vice-governador na chapa encabeçada por Mauro Mariani (MDB), era o nome preferencial de Vieira para sucedê-lo na presidência dos tucanos catarinenses. “É uma perda importante. Nós lamentamos muito. Foi uma surpresa, até porque não tinha qualquer burburinho que pudesse indicar sua saída do PSDB”, disse o deputado, que não poupou elogios ao agora ex-companheiro de partido. “Um homem brilhante, capaz, inteligente”, listou.

A saída de Bernardes abriu espaço para outro nome que vem crescendo entre os tucanos. O de Beto Martins, ex-prefeito de Imbituba, candidato do PSDB a segundo suplente de Jorginho Melo (PR) ao Senado. “Também é um homem capaz”, elogiou ao emendar, ainda sem querer abrir apoio a Martins: “Meu candidato é aquele que melhor se dispuser a trabalhar pelo PSDB. Ser presidente de um partido é exercer um sacerdócio. É renunciar a muitas questões pessoais e profissionais”.

Para demonstrar o que entende por “sacerdócio”, fez uma conta rápida e deu o exemplo: de primeiro de janeiro de 2003 até agora, rodou 1,5 milhão de quilômetros por Santa Catarina. Ou seja, uma média de 93.750 quilômetros por ano.

 

E o futuro do PSDB? Aécio precisa sair!

 

Foto: Flickr Aécio Neves

Marcos Vieira lembrou que O PSDB de Santa Catarina já passou por várias crises, problemas até então limitados ao próprio partido no estado. Diferentemente da crise que começou em 2018, que, segundo ele, “não foi por culpa dos dirigentes estaduais”, mas resultado do contexto nacional. É aí que ele larga a bomba.

“Vou ser bem sincero. O principal ator que levou o partido à bancarrota chama-se Aécio Neves. Pode publicar isso”, e repetiu: “O principal ator que levou o partido à bancarrota chama-se Aécio Neves”. O presidente do PSDB estadual fala que houve “coadjuvantes” no processo que alterou os rumos da organização partidária, mas reafirma que o ex-senador por Minas Gerais foi o principal responsável.

E acrescenta que ele, Aécio Neves, deve ser expulso ou sua filiação deve ser cancelada, sob pena de um aprofundamento ainda maior da crise no ninho tucano. Vieira defende que Santa Catarina é um estado altamente politizado, em que o PT só ganhou uma vez do PSDB, em 2002, Lula sobre Serra. “Sempre tivemos votações muito superiores. Fizemos 66% dos votos para o Aécio em 2014, que agora migraram para o Bolsonaro.”

No cenário atual, o presidente do PSDB-SC vê duas lideranças com possibilidades de recompor o partido – o governador de São Paulo, João Dória, e o do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite.

 

O preço das eleições de 2018

Foto: Facebook PSDB-SC

Resumindo as eleições de 2018, reconheceu que ficou impossível sustentar, politicamente, uma candidatura tucana ao governo do Estado, no caso, o ex-senador Paulo Bauer. Essa percepção se deu já muito próximo do prazo final para inscrição das candidaturas, o que levou a uma rápida sucessão de conversas com outros partidos, acordos feitos e desfeitos em questão de horas, até que se chegou à configuração final: PSDB compondo com PR em chapa liderada pelo MDB.

O preço pago foi alto: algumas das principais lideranças tucanas se apagaram, como o próprio Bernardes; o partido, que tinha dois senadores na legislatura passada, agora não tem nenhum; a bancada estadual caiu de três para dois deputados; assim como a federal minguou de dois para um representante catarinense. Independentemente de quem vai ser o novo presidente do PSDB-SC, precisa aproveitar o fato de não ter havido movimento de desfiliação e ter foco absoluto na organização para as eleições municipais de 2020. A contagem regressiva já começou.

 

Por Andréa Leonora

Matéria feita a partir de conversa do deputado Marcos Vieira com os jornalistas Altair Magagnin (ND), Andréa Leonora (ADI-SC) e Douglas Rossi (Adjori-SC)

Matéria distribuída para a rede de veículos ADI-SC e Adjori-SC