Férias de verão implicam buscar um alívio para o calor, ainda mais com as altas temperaturas que estão sendo registradas em todas as regiões de Santa Catarina. Mas, seja no mar, em um rio, açude ou na piscina, todo cuidado é pouco. Porém, algumas pessoas se descuidam e o que deveria ser uma diversão pode se transformar em um grande susto ou mesmo em uma tragédia.
Em Santa Catarina, um dado alarmante merece atenção especial nesta temporada. O Corpo de Bombeiros registrou 38 afogamentos seguidos de morte entre 1º de outubro de 2018 e 15 de janeiro de 2019. No mesmo período entre 2017 e 2018 foram 23 mortes. Ou seja, o crescimento, até agora, foi de 65,2%.
Dos óbitos registrados nesta temporada, 24 ocorreram em água doce, todos em área não monitorada. Em água salgada foram 14 mortes, sendo duas em área guarnecida e 12 em locais sem a presença do guarda-vidas.
Já durante todo o ano de 2018, foram registrados 34 afogamentos seguidos de óbito em água doce e áreas sem guarda-vidas. No mar, foram 15, sendo que, devido ao intenso trabalho de prevenção realizado, apenas uma dessas mortes ocorreu em local com a presença da corporação.
Maior perigo: água doce
O tenente Ian Triska, instrutor de salvamento aquático e chefe de Comunicação Social do Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina, explica que a maioria dos casos de óbitos por afogamento ocorre em água doce, como rios, represas, lagoas e cachoeiras, onde não há a presença da corporação. São vários os fatores.
Triska lembra que no interior do estado muitas pessoas não têm o hábito de praticar natação e a profundidade dos rios pode aumentar de uma hora para outra. Sem contar a correnteza, que pode ser fraca e se tornar forte repentinamente. Também é muito comum o uso de embarcações, às vezes precárias, e sem o uso dos coletes.
Outro fator constatado é a ingestão de bebidas alcoólicas que, associadas ao forte calor e à falta de precauções, pode contribuir para as mortes por afogamento. “A educação é imprescindível para que este número de mortes seja reduzido”, observou ao acrescentar que a supervisão das crianças deve ser permanente.
Casos
Em pouco mais de três meses de Operação Veraneio do Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina, os guarda-vidas que atuam em 170 balneários (praias, rios e represas) realizaram 2.773.810 ações de prevenção junto à população – orientações sobre os melhores locais para banho, alerta com apitos quando alguém entra em área de risco e outras informações. Diariamente, 1.146 guarda-vidas civis trabalham no estado durante a temporada.
O tenente Ian Triska lembra o caso em que três crianças brincavam no mar, enquanto os pais estavam na cadeira de praia. A bandeira sinalizava perigo e corrente de retorno, os pais foram alertados, mas os filhos continuavam na beira da praia.
Em um momento, as três foram levadas simultaneamente pela corrente de retorno. Atento à situação, um guarda-vidas conseguiu chegar antes que a tragédia fosse maior. Elas estavam afundando e ele entregou o equipamento de flutuação às crianças. Como, mesmo flutuando, as três continuarem sendo arrastadas pela corrente, a moto aquática foi acionada e o guarda-vidas conseguiu retirá-las da água em segurança.
O mesmo trauma também foi vivido até agora, nesta temporada, por 1.131 banhistas que foram arrastados, mas não chegaram a se afogar graças à rápida atuação dos guarda-vidas. Os casos foram registrados tanto em mar quanto em água doce e muitos deles envolveram crianças e adolescentes. “É preciso respeitar as bandeiras e avisos. E é muito importante que os pais não deixem as crianças sozinhas. Nossa missão é salvar vidas e proteger as pessoas. Orientamos para que um momento de diversão não se torne uma tragédia”, avisou o tenente Ian.
Principais causas
As principais causas dos afogamentos relatadas pelo Corpo de Bombeiro são a falta de experiência com a água e descuido. Outro fator de risco é a ingestão de bebidas alcoólicas. Geralmente as pessoas perdem a noção de perigo, as habilidades para nadar ficam menores e, em caso de afogamento, a recuperação da vítima é muito mais complicada. “Inclusive, a maior parte dos arrastamentos acontece das 16 às 18 horas, o que relacionamos com a ingestão de bebidas alcoólicas”, ressaltou.
No mar, as correntes de retorno são a causa de aproximadamente 90% das ocorrências de afogamento em Santa Catarina. Neste caso, a água retorna com mais força da areia e puxa o banhista para dentro do mar. Em água doce, as correntes já estão presentes no curso do rio, no entorno de cachoeiras. Nestes locais, a falta de atenção com o fundo (com troncos de árvores, pedras, redes e ferragens) e a profundidade pode ser fatal, principalmente nos mergulhos.
Cuidados
- Procure locais de banho próximos aos postos de guarda-vidas;
- Verifique as condições do local onde pretende mergulhar;
- Não deixe a água ultrapassar a linha da cintura. Sua e das crianças sob sua guarda;
- Jamais nade após ingerir bebidas alcoólicas;
- Mantenha as crianças a apenas um braço de distância;
- Evite aproximação de costões pelo mar. Se caminhar sobre as pedras desses ambientes, cuidado extremo para não ser atingido e até derrubado ao mar por uma onda;
- Nunca mergulhe de cabeça. Mesmo tendo experiência, certifique-se antes da profundidade e verifique a presença de pedras ou outros objetos que possam causar ferimentos;
- Lembre-se: um acidente pode provocar sequelas irreversíveis ou até mesmo a morte. Esses cuidados são essenciais também para costões e pedras de riachos, lagoas, açudes, cachoeiras, rios e represas, além das piscinas de condomínios, clubes e residências;
- Em embarcação, não entre antes de colocar o colete salva vidas, em você e em quem estiver sob sua responsabilidade; e
- Nunca tente salvar banhistas vítimas de afogamento, a menos que seja habilitado ou treinado para o procedimento. Limite-se a lançar algum objeto que ajude a flutuação da vítima e acione os guarda-vidas ou a emergência pelo telefone 193.
Texto e fotos enviados pela Secom/SC
Edição: Andréa Leonora