No Brasil, um grupo de pesquisadores envolvendo os departamentos de Fisioterapia, Educação Física e Engenharias da Universidade de São Paulo (USP) começou a desenvolver em conjunto, neste ano, games específicos utilizando realidade virtual para ajudar pacientes a recuperarem movimentos e melhorarem a condição física. Uma das responsáveis pelo trabalho, a doutora Camila Torriani, diz que o Brasil já tem uma posição de liderança no tema, com vários estudos produzidos desde 2010.
“Hoje em dia há muitos tipos de tecnologia para oferecer, desde realidade virtual não imersiva (sem uso de óculos especiais) que funcionam especialmente para idosos e pacientes pós-AVC que precisam desenvolver equilíbrio, velocidade da caminhada e funcionalidade dos membros superiores”, comenta.
Ela é a presidente científica da quinta edição do V Congresso Brasileiro de Fisioterapia Neurofuncional, que acontece em Florianópolis entre os dias 10 e 13 de outubro e que trará uma das maiores autoridades internacionais no assunto: a doutora Judith Deutsch, da State University de Nova Jersey (EUA), que vai apresentar os resultados de pesquisas que ela vem desenvolvendo nos últimos anos.
Contudo, ressalta a Dra. Camila, é preciso entender o perfil do paciente antes de recomendar atividades usando jogos e realidade virtual. “Os relatórios apontam que os benefícios são iguais aos da fisioterapia convencional, mas os games podem ser indicados caso o paciente se sinta à vontade com o estímulo dos jogos, com a competitividade. Alguns adoram, estimula o raciocínio, a velocidade de pensamento”, destaca. As pesquisas com jogos específicos desenvolvidos na USP devem durar entre dois e três anos até gerarem resultados mais conclusivos.
A revolução da Ciência do Movimento
Outro destaque do Congresso Brasileiro de Fisioterapia Neurofuncional será a presença da Dra. Roberta Shepherd, professora honorária e pesquisadora da Universidade de Sydney (Austrália) e uma das responsáveis pelo desenvolvimento da “Ciência do Movimento”, que mostrou como o sistema nervoso pode ser estimulado por meio de atividades físicas cotidianas e fazer com que pacientes possam reaprender a fazer determinados movimentos corporais. “A percepção de qualidade de vida, associada a um programa de exercícios, pode levar a uma redução na densidade de serviços médicos na população idosa “, escreveu a doutora em estudo publicado no início da década de 1990.
Organizado pela Associação Nacional de Fisioterapia Neurofuncional (Abrafin), o encontro vai reunir cerca de mil profissionais de todo o país em uma programação que engloba também a primeira edição de um Simpósio Internacional, seis cursos internacionais pré-congresso e uma feira de negócios com apresentação de novas tecnologias, como o uso de recursos como realidade virtual para simular ambientes reais e auxiliar pacientes na recuperação de movimentos.
Outros destaques da programação são a Dra. Edelle Field-Fote (EUA), responsável pelo início do “Project Miami”, que estuda a cura da paralisia após lesões da medula espinhal; a Dra. Colleen Canning (Austrália), que estuda métodos inovadores para reduzir desabilidades e quedas em pacientes com Doença de Parkinson; e o Dr. Daniel Verdecchia (Argentina), que abordará uma área que tem crescido muito em número de casos, a Fisioterapia Vestibular, que trata problemas como vertigens, tonturas, labirintite e quedas.