Apostas esportivas: Bandeirada verde para a Fórmula 1

A Liberty Media, empresa de mídia que gere os destinos da Fórmula 1, assinou um acordo com duas empresas do setor das apostas esportivas (o SportRadar e o Interregional Sports Group). O objetivo é que a mais alta categoria de corridas de carros do mundo passe a ter uma plataforma de apostas esportivas oficial e reconhecida, com acesso a dados fornecidos pelas equipes para melhor compreensão dos apostadores.

Aumentar o engajamento e atualizar o esporte com as tendências do século XXI é o objetivo da Liberty Media.

O crescimento do fenômeno das apostas

As apostas esportivas vêm crescendo de forma significativa por todo o planeta. Com a popularidade da internet, ficou fácil para as grandes empresas criar plataformas que chegam a milhões de usuários, e permitem combinações e modalidades de apostas impensáveis até há poucos anos, como o ato de poder fazer uma segunda aposta a meio de um jogo, ou até retirá-la parcialmente para diminuir perdas.

Basta acessar esse site para ver como é fácil colocar apostas nas mais diversas competições e jogos. O futebol é o principal esporte aqui, mas não é o único. A Fórmula 1 está acelerando para essa corrida.

Fórmula 1: demasiado dependente do dinheiro

A Fórmula 1 atual consome demasiados recursos. Em 1991, quando Senna foi campeão pela 3.ª vez, as equipes de topo tinham 150 a 200 funcionários. Hoje, têm entre 700 a 800. É preciso muito dinheiro. E cada vez mais os pilotos são obrigados a pagar para pilotar. O pior caso de todos será, sem dúvida, o de Lance Stroll, piloto da Williams.

É certo que Nelson Piquet e Ayrton Senna, por exemplo, eram filhos de classe média. Nem todo o mundo tinha acesso a karts, e o automobilismo sempre foi esporte de risco. Mas Piquet, quando foi para a Europa, tinha praticamente só uma pessoa trabalhando com ele e era seu próprio mecânico. Do mesmo jeito, Senna vivia de forma modesta e chegou a pensar em deixar tudo e se concentrar nos negócios de seu pai. Corridas não eram vistas como uma alternativa profissional séria.

Mas compare-se os exemplos dos pais de Piquet e Senna com o de Lawrence Stroll, pai de Lance. O bilionário com perfil na Forbes comprou a melhor equipe da Fórmula 3 para o filho correr, e agora praticamente comprou uma equipe de Fórmula 1 para seu filho dar o salto da Williams para o meio do pelotão. Isso é causa e sintoma da intensa necessidade de dinheiro na F1 atual.

Nova esperança para o Brasil

O fato de a Liberty Media estar abrindo o esporte para as apostas esportivas é reflexo da vontade de Sean Bratches, seu “chefe” Chase Carey e os responsáveis da empresa de mudarem a F1. É preciso mais engajamento, é preciso diminuir os custos de participação para pilotos e equipes. Só assim será possível que o talento seja realmente mais importante que o dinheiro.

Para os pilotos brasileiros, que dificilmente podem contar com patrocínios de peso em meio à crise econômica (de resto, será que iríamos querer um patrocínio “público” como o que a empresa petroleira da Venezuela deu a Pastor Maldonado?), esse é o caminho para voltarmos a chegar lá.

Mas enquanto a F1 não fica mais “econômica”, nossa esperança está em Enzo Fittipaldi e Gianluca Petecof, pilotos da mesma Ferrari Driver Academy que está levando Charles Leclerc ao time principal em 2019. Se ele conseguiu, por que não os nossos?