Romilda Lemos divide a antiga casa de madeira no bairro Guarujá, em Lages, com o marido, a filha mais velha e duas crianças, suas netas. O espaço do imóvel é pequeno, mas a dimensão do terreno suficiente para abrigar uma segunda residência, motivou a senhora de 69 anos a ajudar o filho a construir a casa própria e reequilibrar o orçamento que vinha sendo corroído por despesas de aluguel.
Os recursos foram liberados pelo Banco da Família – que tem sede em Lages – e as prestações giram em torno dos R$300 mensais. “Nós oferecemos crédito para famílias que não sabiam que podiam mudar sua realidade”, explica a diretora administrativa do BF, Geórgia Waltrick. “Após a construção do imóvel, essas pessoas se sentem empoderadas para começar a ter cada vez mais qualidade de vida”.
O perfil de cliente deste produto vive com, em média, três salários mínimos de renda familiar e são excluídos do mercado formal de crédito. A maioria constrói no terreno dos fundos da casa dos pais ou em terrenos cedidos por terceiros. “Por exemplo, nós tivemos uma família que trabalhava com reciclagem de lixo e vivia em uma área verde há anos, em uma casa com chão batido, feita de lona e chapas encontradas na rua”, conta a diretora administrativa Geórgia Waltrick. “Com ajuda do agente de crédito, eles conseguiram identificar uma renda mensal para contratar o financiamento e hoje vivem em uma casa muito melhor e mais digna.”
Em junho, o Banco da Família vai alcançar o marco de mil casas financiadas e com taxa de inadimplência recorde: apenas dois financiamentos não foram quitados. “E nestes dois casos a inadimplência foi por motivos graves de saúde, perfeitamente compreensíveis”, justifica Geórgia. A diretora complementa que o Banco, apesar de ser uma organização social que não visa lucro, também não pretende ser confundida com uma entidade filantrópica. “Tomamos o cuidado de verificar que todas as famílias que utilizam o crédito possuem formas de gerar renda. A maioria sobrevive de trabalhos informais, que não seriam aceitos com garantia por outros bancos, por isso temos agentes de créditos capacitados para identificar estes casos”.