Perto de 150 tucanos de todas as regiões de Santa Catarina participaram, na tarde de hoje, de uma reunião realizada em Florianópolis para confirmar o nome do senador Paulo Bauer como pré-candidato do PSDB-SC ao governo do Estado. O clima era muito mais de convenção do que de uma simples reunião, com lideranças reunidas para mostrar a unidade do partido em torno do projeto Bauer 2018.
Logo na sequência, em conversa com a imprensa, o presidente do tucanato estadual, deputado Marcos Vieira, e o próprio senador afirmaram – e reafirmaram – que não haverá recuo da decisão e que está afastada qualquer possibilidade de uma ação da Executiva nacional sobre a estadual para impor uma aliança que tire Bauer da cabeça de chapa.
A partir de agora, o pré-candidato vai percorrer o estado em conversas com os filiados a fim de mobilizar a militância para a campanha eleitoral, que será mais curta. Ele confia na força dos 110 mil filiados de Santa Catarina, representados hoje em 39 prefeitos, 36 vice-prefeitos, dois senadores, dois deputados federais, quatro deputados estaduais e mais de 350 vereadores. “Essa grande massa de lideranças, agora sabe que o partido tem pré-candidato que vai percorrer o estado para construir um projeto de governo que seja o melhor para Santa Catarina”, disse Bauer ao adiantar os planos até o mês de julho, período em que ainda não é permitido pedir votos, mas podem ser realizadas reuniões.
A importância do ato do PSDB-SC pôde ser confirmada na coletiva à imprensa. Além de Vieira e de Bauer, estavam na mesa o senador Dalirio Beber, o deputado federal Marcos Tebaldi, o estadual Serafim Venzon, o prefeito de Araquari, Clenilton Carlos Pereira, e o ex-prefeito de Blumenau Napoleão Bernardes. Também marcaram presença na reunião a deputada federal Geovania de Sá, o deputado estadual Leonel Pavan, o prefeito de Criciúma, Clésio Salvaro, a presidente do PSDB Mulher, Anna Carolina Martins, o presidente da Juventude do PSDB (JPSDB), João Paulo Taumaturgo, o presidente da Associação dos Vereadores, Aroldo Frigo Júnior, e o presidente do Secretariado de Prefeitos e Vice-Prefeitos, Clenilton Pereira.
Coligação
O agora único pré-candidato tucano ao Executivo estadual anunciou que vai participar de conversas mais firmes sobre alianças. Entretanto, destacou que o partido não quer coligação apenas para ganhar a eleição. O objetivo maior é trazer algo de positivo para Santa Catarina. Se para isso for necessário sair com chapa pura, ou seja, apenas filiados ao PSDB-SC nas posições majoritárias, assim será feito.
As conversas podem acontecer com praticamente todos os partidos. Apenas um ficará de fora, segundo Bauer: O PT. Nenhuma surpresa, já que os dois partidos são visceralmente opostos.
Presidência da República
O também já confirmado pré-candidato à presidência pelo PSDB, o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin, é, na opinião de Paulo Bauer, o nome que hoje reúne condições para pôr um fim na polaridade que vem dividindo o país pelo menos desde as eleições de 2014. “O país precisa ser pacificado politicamente”, apontou.
O baixo índice do tucano nas pesquisas é algo que logo será revertido, de acordo com o senador catarinense, que prevê um percentual pelo menos três vezes maior até o final de julho. Isso porque somente agora, que se desligou do governo de São Paulo, Alckmin vai efetivamente percorrer o país, conversando com as lideranças de seu partido e de siglas próximas com fins eleitorais.
Alckmin, aliás, enviou um vídeo declarando total apoio à candidatura de Bauer em Santa Catarina, pondo água na fervura de quem ainda pretendia ter o PSDB como vice, caso do governador Eduardo Moreira (MDB), por exemplo. Por outro lado, com as muitas declarações de simpatia por parte de líderes políticos estaduais, o candidato tucano à presidência poderá ter mais de um palanque quando vier pedir votos em Santa Catarina.
Crise financeira do Estado
Paulo Bauer declarou que o PSDB-SC já sabia que a situação das contas do Estado era crítica. Tanto pelas informações que chegam pela bancada estadual quanto pelas trazidas pelos dois deputados que atuaram como secretários do governo de Raimundo Colombo – da Saúde, Vicente Caropreso, e do Turismo, Cultura e Esporte, Leonel Pavan. A profundidade da situação, no entanto, era desconhecida e “preocupa muito”. Bauer reconheceu que a crise econômica que afetou o país derrubou as receitas estaduais e disse que será necessário fazer um grande esforço para reduzir o peso do Estado. “Vitoriosos nas eleições, vamos trabalhar muito para trazer investimentos para Santa Catarina, mais empreendimentos. Vamos realizar um Avança Santa Catarina.”
Investigação
“Esta será a última vez que vou falar sobre esse assunto. Daqui para frente, só meus advogados tratarão disso.” A declaração de Paulo Bauer foi para a pergunta feita sobre o que pensa da acusação de seu envolvimento em suposto recebimento de R$ 11,5 milhões, cuja investigação foi autorizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Afirmando estar tranquilo e ter a consciência limpa, Bauer disse que não tem qualquer receio sobre o desfecho do caso. “Diferente do PT, somos solidários com a Justiça, não fazemos críticas, não colocamos obstáculos.”
Para ele, a fragilidade da acusação se confirma no espaço que ganha no processo: apenas seis linhas em mais de 600 páginas.
(Por Andréa Leonora, em 19/04/2018)