Projeto de lei quer mudar erro histórico

Às margens do Rio Tijucas, em 1836, um grupo de imigrantes italianos fundou a colônia Nova Itália. Afugentados pela crise econômica do seu país, principalmente nas áreas rurais, migraram incentivados pela lei nº49  de 15 de junho do mesmo ano, que permitia a colonização italiana na região onde, hoje, é o município de São João Batista. Iniciava com eles a corrente migratória italiana no Brasil.

Essas informações são originadas das pesquisas do historiador Paulo Vendelino Kons, que defende a cidade de São João Batista como local de chegada no Brasil dos primeiros 132 italianos, vindos de Sardenha.  Kons argumenta que a maioria dos historiadores considera a grande imigração, ocorrida a partir de 1876, como data principal, deixando de levar em conta o fluxo iniciado em 1836.

A lei 13.617/2018 discorda. Aprovada no mês de janeiro, concedeu o título de pioneiro na colonização por trentinos ( italianos originários da província de Trento) ao município de Santa Teresa no Espírito Santo. A Província de Trento, na Itália, chegou a manifestar contrariedade à decisão, alegando que a cidade capixaba não teria condições de receber a nomeação.  

Agora, amparada pelo estudo do historiador Paulo Kons, a população de São João Batista (SC) tenta alterar o que considera um erro nos dados históricos. “Para nós, não se trata de mero bairrismo ou disputa.  É apenas uma correção histórica importante e que precisa ser feita. Principalmente para manter a veracidade dos fatos e do contexto sobre a chegada dos primeiros italianos ao país”, destaca Daniel Cândido, prefeito batistense.

A população de São João Batista entrou em contato com o deputado federal Rogério Peninha Mendonça (MDB-SC),  que apresentou na Câmara dos Deputados, em Brasília, um Projeto de Lei que confere o título de Capital Nacional da Imigração Italiana à cidade catarinense. “A argumentação da cidade de São João Batista é fundamentada em fatos históricos, que tem respaldo de vários circolos trentinos (entidades autônomas de descendentes italianos) com sede em Santa Catarina. Eu tenho cidadania italiana e conheço as origens deste povo. Fui procurado pela comunidade batistense e atendi prontamente ao apelo”, explica Peninha.

Sobre São João Batista

Considerado o quarto principal polo de calçados do Brasil, é conhecido como a Terra dos Calçados. A fama garante movimentação no turismo, incentivado, também, por fazer parte do Vale Europeu. No censo do IBGE divulgado em 2009, foi considerada a segunda cidade que mais cresceu em população.