A eleição do Parlamento Italiano poderá ter até seis representantes da América do Sul: quatro deputados e dois senadores
O Brasil pode ampliar e fortalecer a representação e as relações bilaterais com a Itália na eleição do parlamento italiano no próximo 4 de março, caso eleja a maior parte dos representantes dos italianos na América do Sul. O continente vai eleger quatro deputados e dois senadores e o Brasil concentra a maior comunidade de italianos fora da Itália. “É muito importante ter representantes ‘brasileiros’ eleitos pois permitirá um diálogo mais próximo com a representação diplomática consular na resolução dos problemas que afligem a comunidade ítalo-brasileira”, diz o advogado e economista Walter Petruzziello, 66, candidato a deputado pelo Brasil no parlamento Italiano.
Petruzziello adianta que as representações diplomática-consulares no exterior oferecem todos os serviços que um cidadão italiano ou até estrangeiro podem necessitar. “Para os italianos se emitem passaportes, atestados, certidões, validação de título de estudo, orientações e muitos outros. Já para os estrangeiros a maior demanda é de vistos, principalmente de estudos e de turismo”, explica.
Com uma atuação de mais de 30 anos junto à comunidade ítalo-brasileira, Petruzziello quer levar essa experiência dos serviços prestados e as demandas da comunidade para discussão junto ao parlamento. “O Brasil e Itália têm longa tradição de relacionamento, com intenso diálogo político, intercâmbio e proximidade social e cultural. E talvez isso de deva ao fato que a comunidade italiana no Brasil é a maior comunidade de italianos fora da Itália. Segundo a ONU, o Brasil tem cerca 30 milhões de descendentes de italianos”, adianta.
Veja a seguir mais algumas questões das eleições no parlamento italiano nesta entrevista.
Qual a importância da eleição de um deputado da comunidade ítalo-brasileira no Parlamento Italiano?
Petruzzielllo – Embora sejam somente quatro deputados e dois senadores eleitos em representação da América do Sul, é muito importante termos representantes “brasileiros” eleitos, pois permitirá um diálogo mais próximo com a representação diplomática consular na resolução dos problemas que afligem nossa comunidade. Ademais o deputado eleito no exterior tem as mesas funções do parlamentar eleito na Itália e, portanto, pode propor leis de interesse dos italianos no exterior.
Quais ações que um deputado pode desempenhar no Parlamento pela comunidade ítalo-brasileiro?
Petruzzielllo – Qualquer ação que diga respeito ao parlamento e ao parlamentar italiano, mas a primeira função é exercer o mandado na plenitude, ou seja, participar da vida parlamentar e ganhar credibilidade e respeito junto a seus pares no parlamento para quando apresentar alguma proposta possa ter sucesso e levar essa proposta a votação. Quanto as ações, um deputado pode propor leis que interesse aos italianos no exterior. Eu já tenho algumas propostas que quero transformar em lei, como por exemplo: o direito à cidadania para filhos de mães italianas nascidos antes de 1948; uma nova lei em substituição a lei 379, que tratava dos direitos da cidadania italiana aos descendentes do território Trentino, que pertencia ao Império Austro-húngaro; uma lei que obrigue os consulados e os municípios a registrarem os nascidos no exterior com o nome o qual foi registrado no exterior (hoje eles registram sem o nome da mãe, retiraram sobrenome composto, retiram por conta própria o sobrenome de casada da mulher, etc…)
Quem pode votar nas eleições?
Petruzzielllo – No nosso caso podem votar todas aquelas pessoas residentes na América do Sul, que tenham a nacionalidade italiana ou a do país de origem e que estejam inscritos nos consulados e na lista eleitoral. Quem estiver inscrito vai receber um envelope eleitoral sem sair de casa e vai poder votar no seu local de residência e devolver o envelope pelo correio. As orientações de como votar estarão dentro do envelope e também em nossas redes sociais.
Por que é importante votar até dia 26 de fevereiro, ou antes?
Petruzzielllo – É importante esclarecer que mesmo o voto sendo por correspondência não serão computados os votos que chegarem aos consulados após as 16h do dia 1º de março. Isso significa que se as pessoas votarem após o dia 26 de fevereiro e enviarem via correio, dificilmente a correspondência chegará ao consulado antes da data final. Como não vale o carimbo da postagem, os votos não serão considerados. Nesse caso a única alternativa é entregar pessoalmente nos consulados. Por isso a importância de votar e devolver rapidamente a correspondência recebida e votada.
A eleição de um deputado ítalo-brasileiro fortalece as relações entre a Itália e Brasil em quais aspectos?
Petruzzielllo – Sempre fortalece, pois pode se ter um interlocutor mais próximo entre os dois países. Pode-se pensar em tratar de vistos de trabalho, a questão de vistos para turista, investimentos.
Como a Itália pode ampliar sua representação diplomática no Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul?
Petruzzielllo – Eu não sou daqueles que vendem ilusões em campanha eleitoral. Já fui candidato por três vezes ao Senado da Itália e em duas fiquei na primeira suplência e nunca prometi nada que não fosse prerrogativa de parlamentar. Vejo candidatos prometendo abertura de consulados em Santa Catarina e no Espirito Santo e conhecendo a dificuldade econômica por que passa a Ministério das Relações Exteriores da Itália, já que tem o menor orçamento entre os países da União Europeia, não acredito que seja uma coisa que eles irão fazer.
Qual a alternativa então?
Petruzzielllo – Lutar para que se reforcem as estruturas consulares e que, pelo menos nesses dois estados, se tenham representações consulares de primeira categoria. E apenas para esclarecer: representações de primeira categoria são dependentes de algum consulado, mas tem todas as prerrogativas de um consulado. Talvez isso seja mais factível do que fazer promessas mirabolantes.
Quais os serviços que podem ser oferecidos à comunidade ítalo-brasileiro nas representações da Itália no Brasil?
Petruzzielllo – As representações diplomática-consulares oferecem todos os serviços que um cidadão italiano ou até estrangeiro podem necessitar. Para os italianos se emitem passaportes, atestados, certidões, validação de título de estudo, orientações e muitos outros. Já para os estrangeiros a maior demanda é de vistos, principalmente de estudos e de turismo.
A Itália tem uma relação muito forte com o Brasil, especialmente em São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Os imigrantes italianos e seus descendentes contribuíram no desenvolvimento do País e na construção da cidadania brasileira. O que se pode avançar mais na relação fraterna entre os dois países?
Petruzzielllo – O Brasil e Itália já têm longa tradição de relacionamento, com intenso diálogo político, intercâmbio de visões sobre temas internacionais atuais e proximidade social e cultural. E talvez isso de deva ao fato que comunidade italiana no Brasil é a maior comunidade de italianos fora da Itália e quando digo isso não me refiro somente aqueles que tem a cidadania italiana reconhecida, mas todos os descendentes de italianos. Segundo a ONU, o Brasil tem cerca 30 milhões de descendentes de italianos. O que pode ser revisto é a questão de vistos de permanência de brasileiros na Itália e Italianos no Brasil. Um acordo bilateral nesse sentido poderia ser útil para os dois.