Florianópolis – A ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, fez a palestra de abertura do Seminário. Recebida pelo presidente da Unale e pelo presidente da Assembleia Legislativa, deputado Julio Garcia (PSD), ela tratou como “propósito de Deus” o fato de estar no ministério ao mesmo tempo em que Kennedy Nunes preside a Unale. É que os dois já se conheciam das searas evangélicas e vêm conversando sobre os temas abordados no Seminário desde o começo do atual governo.
Antes da palestra, em entrevista coletiva, ela destacou que o suicídio já é a quarta causa de mortes evitáveis no Brasil. No mundo, é a segunda. E os números podem se tornar ainda mais impactantes no que tange ao Brasil. O atual governo está alterando a forma de notificação, obrigando o registro de todos os casos, inclusive daqueles que ficam na tentativa, dos que não resultam em morte num primeiro momento, mas a pessoa morre horas ou dias depois no hospital, e ainda dos que ficam sob investigação policial quanto à causa da morte. Concluído que foi por suicídio, e não homicídio ou acidente, terá que ser feita a notificação. Também passarão a ser registrados com maior rigor os casos de automutilação. Tudo para embasar um plano de ação que ajude na prevenção. “Chega de dor e sofrimento”, decretou a ministra. “Uma vida perdida por causa do suicídio já é demais. Temos que estar juntos.”
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Uma das maiores preocupações relatadas por Damares é pela redução gradativa da idade de quem comete suicídio. Ela contou que já existem ocorrências no SUS de crianças de seis anos que se suicidaram. “A idade tem diminuído muito e nós temos que entender esse fenômeno, que não ocorre só no Brasil. É um fenômeno mundial. As crianças relatam que estão em profundo sofrimento e que têm dor na alma. Vamos ter que entender o que estamos fazendo para provocar tanta dor na alma dessa geração”, disse, provocando a participação de todos no debate e pedindo que sejam esquecidas as diferenças ideológicas, políticas, religiosas e partidárias na busca por soluções. “Vamos ter que dar as mãos para salvar essas crianças.”
Quanto aos casos de violência contra a mulher, ela rejeitou a afirmação que seja uma questão cultural e disse que a mudança desse cenário começará nas salas de aula, para crianças já a partir dos 4 anos e como matéria curricular. Entretanto, defendeu que não seja só em relação às mulheres, mas a todos os seres humanos. “Vamos ter que resgatar alguns valores no Brasil. Enquanto isso não ocorre, é preciso denunciar. Não só a violência física. A violência psicológica também destrói vidas.” Damares afirmou que as questões abordadas no Seminário da Unale e ainda a violência contra crianças e adolescentes não serão vencidas por um único poder, mas deverá envolver Executivo, Legislativo, Judiciário e Ministério Público em todos os níveis – federal, estadual e municipal. “Todo mundo vai ter que dar as mãos. Vai ser necessária uma união de forças”, convocou.
Por Andréa Leonora – CNR-SC/ADI-SC